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A COMUNHÃO DOS BENS ESPIRITUAIS

946. Depois de ter confessado «a santa Igreja Católica», o Símbolo dos Apóstolos
acrescenta «a comunhão dos santos». Este artigo é, em certo sentido, uma
explicitação do anterior: pois «que é a Igreja senão a assembleia de todos os
santos?» (505). A comunhão dos santos é precisamente a Igreja.
947. «Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem duns é
comunicado aos outros [...]. E assim, deve-se acreditar que existe uma comunhão
de bens na Igreja. [...] Mas o membro mais importante é Cristo, que é a Cabeça
[...]. Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, comunicação que se
faz através dos sacramentos da Igreja» (506). «Como a Igreja é governada por um
só e mesmo Espírito, todos os bens por ela recebidos tornam-se necessariamente
um fundo comum» (507).
948. A expressão «comunhão dos santos» tem, portanto, dois significados
estreitamente ligados: «comunhão nas coisas santas, sancta», e «comunhão entre
as pessoas santas,sancti».
«Sancta sanctis! (O que é santo, para aqueles que são santos)». Assim proclama o
celebrante na maior parte das liturgias orientais, no momento da elevação
dossantos Dons antes do serviço da comunhão. Os fiéis (sancti) são alimentados
pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito
Santo (Koinônia) e a comunicarem ao mundo.
949. Na comunidade primitiva de Jerusalém, os discípulos «eram assíduos ao
ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações» (Act 2,
42).
A comunhão na fé. A fé dos fiéis é a fé da Igreja recebida dos Apóstolos, tesouro de
vida que se enriquece na medida em que é partilhada.
950. A comunhão nos sacramentos. «O fruto de todos os sacramentos pertence a
todos. Os sacramentos, e sobretudo o Baptismo, que é como que a porta por onde
os homens entram na Igreja, são outros tantos vínculos sagrados que os unem
todos e os ligam a Jesus Cristo. A comunhão dos santos é a comunhão dos
sacramentos [...];o nome de comunhão pode aplicar-se a cada um deles, porque
cada um deles nos une a Deus [...]. Mas este nome convém mais à Eucaristia do
que a qualquer outro, porque é principalmente ela que consuma esta comunhão»
(508).
951. A comunhão dos carismas: na comunhão da Igreja, o Espírito Santo «distribui
também graças especiais entre os fiéis de todas as ordens» para a edificação da
Igreja (509). Ora, em cada um se manifestam os dons do Espírito, para o bem
comum» (1 Cor 12, 7).
952. «Eles punham tudo em comum» (Act 4, 32): «Tudo o que o verdadeiro cristão
possui, deve olhá-lo como um bem que lhe é comum com os demais, e deve estar
sempre pronto e ser diligente para ir em socorro do pobre e da miséria do
próximo» (510). O cristão é um administrador dos bens do Senhor (511).
953. A comunhão da caridade: na sanctorum communio, «nenhum de nós vive para
si mesmo, e nenhum de nós morre para si mesmo» (Rm 14, 7). «Se um membro
sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro for honrado por alguém,
todos os membros se alegram com ele. Vós sois Corpo de Cristo e seus membros,
cada um na parte que lhe diz respeito» (1 Cor 12, 26-27). «A caridade não é
interesseira» (1 Cor 13, 5) (512). O mais insignificante dos nossos actos, realizado
na caridade, reverte em proveito de todos, numa solidariedade com todos os
homens, vivos ou defuntos, que se funda na comunhão dos santos. Pelo contrário,
todo o pecado prejudica esta comunhão.

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