1213. O santo Baptismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no
Espírito(«vitae spiritualis ianua – porta da vida espiritual») e a porta que dá
acesso aos outros sacramentos. Pelo Baptismo somos libertos do pecado e
regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos
incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão (4). «Baptismos est
sacramentam regeneratiorais per aquam in Verbo – O Baptismo pode definir-se
como o sacramento da regeneração pela água e pela Palavra» (5).
I. Como se chama este sacramento?
1214. Chama-se Baptismo, por causa do rito central com que se realiza:
baptizar (baptizeis, em grego) significa «mergulhar», «imergir». A «imersão» na
água simboliza a sepultura do catecúmeno na morte de Cristo, de onde sai pela
ressurreição com Ele (6) como «nova criatura» (2 Cor 5, 17;Gl 6, 15).
1215. Este sacramento é também chamado «banho da regeneração e da
renovação no Espírito Santo» (Tt 3, 5), porque significa e realiza aquele
nascimento da água e do Espírito, sem o qual «ninguém pode entrar no Reino de
Deus» (Jo 3, 5).
1216. «Este banho é chamado iluminação, porque aqueles que recebem este
ensinamento [catequético] ficam com o espírito iluminado...» (7). Tendo recebido
no Baptismo o Verbo, «luz verdadeira que ilumina todo o homem» (Jo 1, 9), o
baptizado, «depois de ter sido iluminado» (8), tornou-se «filho da luz» (9) e ele
próprio «luz» (Ef 5, 8):
«O Baptismo é o mais belo e magnífico dos dons de Deus [...] Chamamos-lhe dom,
graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo
e tudo o que há de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que não
trazem nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: baptismo, porque o
pecado é sepultado nas águas; unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que
são ungidos); iluminação, porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa
vergonha;banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de
Deus» (10).
II. O Baptismo na economia da salvação
AS PREFIGURAÇÕES DO BAPTISMO NA ANTIGA ALIANÇA
1217. Na liturgia da Vigília Pascal, a quando da bênção da água baptismal, a Igreja
faz solenemente memória dos grandes acontecimentos da história da salvação que
prefiguravam já o mistério do Baptismo:
«Senhor nosso Deus: pelo vosso poder invisível, realizais maravilhas nos vossos
sacramentos. Ao longo dos tempos, preparastes a água para manifestar a graça do
Baptismo» (11).
1218. Desde o princípio do mundo, a água, esta criatura humilde e admirável, é a
fonte da vida e da fecundidade. A Sagrada Escritura vê-a como «incubada» pelo
Espírito de Deus (12):
«Logo no princípio do mundo, o vosso Espírito pairava sobre as águas, para que já
desde então concebessem o poder de santificar» (13).
1219. A Igreja viu na arca de Noé uma prefiguração da salvação pelo Baptismo.
Com efeito, graças a ela, «um pequeno grupo, ao todo oito pessoas, foram salvas
pela água» (1 Pe 3, 20):
«Nas águas do dilúvio, destes-nos uma imagem do Baptismo, sacramento da vida
nova, porque as águas significam ao mesmo tempo o fim do pecado e o princípio da
santidade» (14).
1220. Se a água de nascente simboliza a vida, a água do maré um símbolo da
morte. Por isso é que podia prefigurar o mistério da cruz. E por este simbolismo, o
Baptismo significa a comunhão com a morte de Cristo.
1221. É sobretudo a travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel
da escravidão do Egipto, que anuncia a libertação operada pelo Baptismo:
«Aos filhos de Abraão fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho, para que
esse povo, liberto da escravidão, fosse a imagem do povo santo dos baptizados»
(15).
1222. Finalmente, o Baptismo é prefigurado na travessia do Jordão, graças à qual
o povo de Deu- recebe o dom da terra prometida à descendência de Abraão,
imagem da vida eterna. A promessa desta herança bem-aventurada cumpre-se na
Nova Aliança.
O BAPTISMO DE CRISTO
1223. Todas as prefigurações da Antiga Aliança encontram a sua realização em
Jesus Cristo. Ele começa a sua vida pública depois de Se ter feito baptizar por São
João Baptista no Jordão (16). E depois da sua ressurreição, confere esta missão aos
Apóstolos: «Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações; baptizai-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinai-os a cumprir tudo quanto vos
mandei» (Mt 28, 19-20) (17).
1224. Nosso Senhor sujeitou-se voluntariamente ao Baptismo de São João,
destinado aos pecadores, para cumprir toda a justiça (18). Este gesto de Jesus é
uma manifestação do seu «aniquilamento» (19). O Espírito que pairava sobre as
águas da primeira criação, desce então sobre Cristo como prelúdio da nova criação
e o Pai manifesta Jesus como seu «Filho muito amado» (20).
1225. Foi na sua Páscoa que Cristo abriu a todos os homens as fontes do Baptismo.
De facto, Ele já tinha falado da sua paixão, que ia sofrer em Jerusalém, como dum
«baptismo» com que devia ser baptizado (21). O sangue e a água que manaram do
lado aberto de Jesus crucificado (22) são tipos do Baptismo e da Eucaristia,
sacramentos da vida nova (23): desde então, é possível «nascer da água e do
Espírito» para entrar no Reino de Deus (Jo 3, 5).
«Repara: Onde é que foste baptizado, de onde é que vem o Baptismo, senão da
cruz de Cristo, da morte de Cristo? Ali está todo o mistério: Ele sofreu por ti. Foi
n'Ele que tu foste resgatado, n'Ele que foste salvo» (24).
O BAPTISMO NA IGREJA
1226. Desde o dia de Pentecostes que a Igreja vem celebrando e administrando o
santo Baptismo. Com efeito, São Pedro declara à multidão, abalada pela sua
pregação: «convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus
Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito
Santo» (Act 2, 38). Os Apóstolos e os seus colaboradores oferecem o Baptismo a
quem quer que acredite em Jesus: judeus, pessoas tementes a Deus, pagãos (25). O
Baptismo aparece sempre ligado à fé: «Acredita no Senhor Jesus e serás salvo
juntamente com a tua família», declara São Paulo ao seu carcereiro em Filipos. E a
narrativa continua: «o carcereiro [...] logo recebeu o Baptismo, juntamente com
todos os seus» (Act 16, 31-33).
1227. Segundo o apóstolo São Paulo, pelo Baptismo o crente comunga na morte de
Cristo; é sepultado e ressuscita com Ele:
«Todos nós, que fomos baptizados em Cristo Jesus, fomos baptizados na sua morte.
Fomos sepultados com Ele pelo baptismo na morte, para que, assim como Cristo
ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova»
(Rm6, 3-4) (26).
Os baptizados «revestem-se de Cristo» (27). Pelo Espírito Santo, o Baptismo é um
banho que purifica, santifica e justifica (28).
1228. O Baptismo é, pois, um banho de água, no qual «a semente incorruptível» da
Palavra de Deus produz o seu efeito vivificador (29). Santo Agostinho dirá do
Baptismo: «Accedit verbum ad elementum, et fit sacramentam – Junta-se a
palavra ao elemento material e faz-se o sacramento» (30).
III. Como se celebra o sacramento do Baptismo?
A INICIAÇÃO CRISTÃ
1229. Desde o tempo dos Apóstolos que tornar-se cristão requer um caminho e
uma iniciação com diversas etapas. Este itinerário pode ser percorrido rápida ou
lentamente. Mas deverá sempre incluir certos elementos essenciais: o anúncio da
Palavra, o acolhimento do Evangelho que implica a conversão, a profissão de fé, o
Baptismo, a efusão do Espírito Santo, o acesso à comunhão eucarística.
1230. Esta iniciação tem variado muito no decurso dos séculos e segundo as
circunstâncias. Nos primeiros séculos da Igreja, a iniciação cristã conheceu grande
desenvolvimento, com um longo período de catecumenato e uma série de ritos
preparatórios que escalonavam liturgicamente o caminho da preparação
catecumenal, desembocando na celebração dos sacramentos da iniciação cristã.
1231. Nas regiões onde o Baptismo das crianças se tomou largamente a forma
habitual da celebração deste sacramento, esta transformou-se num acto único, que
integra, de um modo muito abreviado, as etapas preliminares da iniciação cristã.
Pela sua própria natureza, o Baptismo das crianças exige um catecumenato pósbaptismal.
Não se trata apenas da necessidade duma instrução posterior ao
Baptismo mas do desenvolvimento necessário da graça baptismal no crescimento
da pessoa. É o espaço próprio da catequese.
1232. O II Concílio do Vaticano restaurou, para a Igreja latina, «o catecumenato
dos adultos, distribuído em várias fases» (31). O respectivo ritual encontra-se
no Ordo initiationis christianae adultorum (1972). Aliás, o Concílio permitiu que,
«para além dos elementos de iniciação próprios da tradição cristã», se admitam,
em terras de missão, «os elementos de iniciação usados por cada um desses povos,
na medida em que puderem integrar-se no rito cristão» (32).
1233. Hoje em dia, portanto, em todos os ritos latinos e orientais, a iniciação
cristã dos adultos começa com a sua entrada no catecumenato, para atingir o
ponto culminante na celebração única dos três sacramentos, Baptismo,
Confirmação e Eucaristia (33). Nos ritos orientais, a iniciação cristã das crianças na
infância começa no Baptismo, seguido imediatamente da Confirmação e da
Eucaristia, enquanto no rito romano a mesma iniciação prossegue durante os anos
de catequese, para terminar, mais tarde, com a Confirmação e a Eucaristia, ponto
culminante da sua iniciação cristã (34).
A MISTAGOGIA DA CELEBRAÇÃO
1234. O sentido e a graça do sacramento do Baptismo aparecem claramente nos
ritos da sua celebração. Seguindo, com participação atenta, os gestos e as
palavras desta celebração, os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento
significa e realiza em cada novo baptizado.
1235. O sinal da cruz, no princípio da celebração, manifesta a marca de Cristo
impressa naquele que vai passar a pertencer-Lhe, e significa a graça da redenção
que Cristo nos adquiriu pela sua cruz.
1236. O anúncio da Palavra de Deus ilumina com a verdade revelada os candidatos
e a assembleia e suscita a resposta da fé, inseparável do Baptismo. Na verdade, o
Baptismo é, de modo particular, o «sacramento da fé», uma vez que é a entrada
sacramental na vida da fé.
1237. E porque o Baptismo significa a libertação do pecado e do diabo, seu
instigador, pronuncia-se sobre o candidato um ou vários exorcismos. Ele é ungido
com o óleo dos catecúmenos ou, então, o celebrante impõe-lhe a mão e ele
renuncia expressamente a Satanás. Assim preparado, pode professar a fé da
Igreja, à qual será «confiado» pelo Baptismo (35).
1238. A água baptismal é então consagrada por uma oração de epiclese (ou no
próprio momento, ou na Vigília Pascal). A Igreja pede a Deus que, pelo seu Filho, o
poder do Espírito Santo desça a esta água, para que os que nela forem baptizados
«nasçam da água e do Espírito»(Jo 3, 5).
1239. Segue-se o rito essencial do sacramento: o baptismo propriamente dito, que
significa e realiza a morte para o pecado e a entrada na vida da Santíssima
Trindade, através da configuração com o mistério pascal de Cristo. O Baptismo é
realizado, do modo mais significativo, pela tríplice imersão na água baptismal;
mas, desde tempos antigos, pode também ser conferido derramando por três
vezes água sobre a cabeça do candidato.
1240. Na Igreja latina, esta tríplice infusão é acompanhada pelas palavras do
ministro: «N., eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo». Nas
liturgias orientais, estando o catecúmeno voltado para o Oriente, o sacerdote diz:
«O servo de Deus N. é baptizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»; e
à invocação de cada pessoa da Santíssima Trindade, mergulha-o e retira-o da
água.
1241. A unção com o santo crisma, óleo perfumado que foi consagrado pelo bispo,
significa o dom do Espírito Santo ao novo baptizado. Ele tornou-se cristão, quer
dizer, «ungido» pelo Espírito Santo, incorporado em Cristo, que foi ungido
sacerdote, profeta e rei (36).
1242. Na liturgia das Igrejas do Oriente, a unção pós-baptismal é o sacramento da
Crismação (Confirmação). Na liturgia romana, anuncia uma segunda unção com o
santo Crisma, que será dada pelo bispo: o sacramento da Confirmação que, por
assim dizer, «confirma» e completa a unção baptismal.
1243. A veste branca simboliza que o baptizado «se revestiu de Cristo» (37):
ressuscitou com Cristo. A vela, acesa no círio pascal, significa que Cristo iluminou o
neófito. Em Cristo, os baptizados são «a luz do mundo» (Mt 5, 14) (38).
O recém-baptizado é agora filho de Deus no seu Filho Único e pode dizer a oração
dos filhos de Deus: O Pai-Nosso.
1244. A primeira Comunhão eucarística. Tornado filho de Deus, revestido da veste
nupcial, o neófito é admitido «ao banquete das núpcias do Cordeiro» e recebe o
alimento da vida nova, o corpo e sangue de Cristo. As Igrejas orientais conservam
uma consciência viva da unidade da iniciação cristã, dando a sagrada Comunhão a
todos os novos baptizados e confirmados, mesmo às criancinhas, lembrando a
palavra do Senhor: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis» (Mc 10,
14). A Igreja latina, que reserva o acesso à sagrada Comunhão para aqueles que
atingiram o uso da razão, exprime a abertura do Baptismo em relação à Eucaristia
aproximando do altar a criança recém-baptizada para a oração do Pai Nosso.
1245. A celebração do Baptismo conclui-se com a bênção solene. Aquando do
Baptismo de recém-nascidos, a bênção da mãe ocupa um lugar especial.
IV. Quem pode receber o Baptismo?
1246. «Todo o ser humano ainda não baptizado – e só ele – é capaz de receber o
Baptismo» (39)
O BAPTISMO DOS ADULTOS
1247. Desde os princípios da Igreja, o Baptismo dos adultos é a situação mais
corrente nas terras onde o anúncio do Evangelho ainda é recente. O catecumenato
(preparação para o Baptismo) tem, nesse caso, um lugar importante; sendo
iniciação na fé e na vida cristã, deve dispor para o acolhimento do dom de Deus no
Baptismo, Confirmação e Eucaristia.
1248. O catecumenato, ou formação dos catecúmenos, tem por finalidade permitir
a estes, em resposta à iniciativa divina e em união com uma comunidade eclesial,
conduzir à maturidade a sua conversão e a sua fé. Trata-se duma «formação e de
uma aprendizagem de toda a vida cristã», mediante a qual os discípulos se unem
com Cristo seu mestre. Por conseguinte, sejam os catecúmenos convenientemente
iniciados no mistério da salvação, na prática dos costumes evangélicos, e, com
ritos sagrados a celebrar em tempos sucessivos, sejam introduzidos na vida da fé,
da Liturgia e da caridade do povo de Deus» (40).
1249. Os catecúmenos «estão já unidos à Igreja», já são da casa de Cristo, e, não
raro, eles levam já uma vida de fé, de esperança e de caridade» (41). «A mãe
Igreja já os abraça como seus, com amor e solicitude» (42).
O BAPTISMO DAS CRIANÇAS
1250. Nascidas com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado
original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento no Baptismo
para serem libertas do poder das trevas e transferidas para o domínio da
liberdade dos filhos de Deus (44), a que todos os homens são chamados. A pura
gratuidade da graça da salvação é particularmente manifesta no Baptismo das
crianças. Por isso, a Igreja e os pais privariam, a criança da graça inestimável de se
tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Baptismo pouco depois do seu
nascimento (45).
1251. Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu
papel de sustentar a vida que Deus lhes confiou (46).
1252. A prática de baptizar as crianças é tradição imemorial da Igreja.
Explicitamente atestada desde o século II, é no entanto bem possível que, desde o
princípio da pregação apostólica, quando «casas» inteiras receberam o Baptismo
se tenham baptizado também as crianças (48).
FÉ E BAPTISMO
1253. O Baptismo é o sacramento da fé (49). Mas a fé tem necessidade da
comunidade dos crentes. Só na fé da Igreja é que cada um dos fiéis pode crer. A fé
que se requer para o Baptismo não é uma fé perfeita e amadurecida, mas um
princípio chamado a desenvolver-se. Ao catecúmeno ou ao seu padrinho perguntase:
«Que pedis à Igreja de Deus?» E ele responde: «A fé!».
1254. Em todos os baptizados, crianças ou adultos, a fé deve crescer depois do
Baptismo. É por isso que a Igreja celebra todos os anos, na Vigília Pascal, a
renovação das promessas do Baptismo. A preparação para o Baptismo conduz
apenas ao umbral da vida nova. O Baptismo é a fonte da vida nova em Cristo,
donde jorra toda a vida cristã.
1255. Para que a graça baptismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos
pais. Esse é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser pessoas
de fé sólida, capazes e preparados para ajudar o novo baptizado, criança ou
adulto, no seu caminho de vida cristã (50). O seu múnus é um
verdadeiro ofício eclesial (51). Toda a comunidade eclesial tem uma parte de
responsabilidade no desenvolvimento e na defesa da graça recebida no Baptismo.
V. Quem pode baptizar?
1256. São ministros ordinários do Baptismo o bispo e o presbítero, e, na Igreja
latina, também o diácono (52). Em caso de necessidade, qualquer pessoa, mesmo
não baptizada, desde que tenha a intenção requerida, pode baptizar utilizando a
fórmula baptismal trinitária (53). A intenção requerida é a de querer fazer o que
faz a Igreja quando baptiza. A Igreja vê a razão desta possibilidade na vontade
salvífica universal de Deus (54) e na necessidade do Baptismo para a salvação (55).
VI. A necessidade do Baptismo
1257. O próprio Senhor afirma que o Baptismo é necessário para a salvação (56).
Por isso, ordenou aos seus discípulos que anunciassem o Evangelho e baptizassem
todas as nações (57). O Baptismo é necessário para a salvação de todos aqueles a
quem o Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este
sacramento (58). A Igreja não conhece outro meio senão o Baptismo para garantir
a entrada na bem-aventurança eterna. Por isso, tem cuidado em não negligenciar
a missão que recebeu do Senhor de fazer «renascer da água e do Espírito» todos
os que podem ser baptizados. Deus ligou a salvação ao sacramento do Baptismo;
mas Ele próprio não está prisioneiro dos seus sacramentos.
1258. Desde sempre, a Igreja tem a firme convicção de que aqueles que sofrem a
morte por causa da fé, sem terem recebido o Baptismo, são baptizados pela sua
morte por Cristo e com Cristo. Este Baptismo de sangue, tal como o desejo do
Baptismo ou Baptismo de desejo, produz os frutos do Baptismo, apesar de não ser
sacramento.
1259. Para os catecúmenos que morrem antes do Baptismo, o seu desejo explícito
de o receber, unido ao arrependimento dos seus pecados e à caridade, garantelhes
a salvação, que não puderam receber pelo sacramento.
1260. «Com efeito, já que Cristo morreu por todos e a vocação última de todos os
homens é realmente uma só, a saber, a divina, devemos manter que o Espírito
Santo a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um
modo só de Deus conhecido» (59). Todo o homem que, na ignorância do Evangelho
de Cristo e da sua Igreja, procura a verdade e faz a vontade de Deus conforme o
conhecimento que dela tem, pode salvar-se. Podemos supor que tais pessoas
teriam desejado explicitamente o Baptismo se dele tivessem conhecido a
necessidade.
1261. Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, a Igreja não pode senão
confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito do respectivo funeral. De
facto, a grande misericórdia de Deus, «que quer que todos os homens se salvem»
(1 Tm 2, 4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que O levou a dizer: «Deixai
vir a Mim as criancinhas, não as estorveis» (Mc 10, 14), permitem-nos esperar que
haja um caminho de salvação para as crianças que morrem sem Baptismo. Por isso,
é mais premente ainda o apelo da Igreja a que não se impeçam as criancinhas de
virem a Cristo, pelo dom do santo Baptismo.
VII. A graça do Baptismo
1262. Os diferentes efeitos do Baptismo são significados pelos elementos sensíveis
do rito sacramental. A imersão na água evoca os simbolismos da morte e da
purificação, mas também da regeneração e da renovação. Os dois efeitos principais
são, pois, a purificação dos pecados e o novo nascimento no Espírito Santo (60).
PARA A REMISSÃO DOS PECADOS
1263. Pelo Baptismo todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os
pecados pessoais, bem como todas as penas devidas ao pecado (61). Com efeito,
naqueles que foram regenerados, nada resta que os possa impedir de entrar no
Reino de Deus: nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal, nem as
consequências do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus.
1264. No baptizado permanecem, no entanto, certas consequências temporais do
pecado, como os sofrimentos, a doença, a morte, ou as fragilidades inerentes à
vida, como as fraquezas de carácter, etc., assim como uma inclinação para o
pecado a que a Tradição chama concupiscênciaou, metaforicamente, a «isca» ou
«aguilhão» do pecado («fomes peccati»): «Deixada para os nossos combates, a
concupiscência não pode fazer mal àqueles que, não consentindo nela, resistem
corajosamente pela graça de Cristo. Bem pelo contrário, "aquele que tiver
combatido segundo as regras será coroado" (2 Tm 2, 5)» (62).
«UMA NOVA CRIATURA»
1265 O Baptismo não somente purifica de todos os pecados, como faz também do
neófito «uma nova criatura» (63), um filho adoptivo de Deus (64), tornado
«participante da natureza divina» (65), membro de Cristo (66) e co-herdeiro com
Ele (67), templo do Espírito Santo (68).
1266. A Santíssima Trindade confere ao baptizado a graça santificante, a graça da
justificação, que:
– o torna capaz de crer em Deus, esperar n'Ele e O amar, pelas virtudes teologais;
– lhe dá o poder de viver e agir sob a moção do Espírito Santo e pelos dons do
Espírito Santo;
– lhe permite crescer no bem, pelas virtudes morais. Assim, todo o organismo da
vida sobrenatural do cristão tem a sua raiz no santo Baptismo.
INCORPORADOS NA IGREJA, CORPO DE CRISTO
1267. O Baptismo faz de nós membros do corpo de Cristo. «Desde então [...], somos
nós membros uns dos outros.» (Ef 4, 25). O Baptismo incorpora na Igreja. Das
fontes baptismais nasce o único povo de Deus da Nova Aliança, que ultrapassa
todos os limites naturais ou humanos das nações, das culturas, das raças e dos
sexos: «Por isso é que todos nós fomos baptizados num só Espírito, para formarmos
um só corpo» (1 Cor 12, 13).
1268. Os baptizados tornaram-se «pedras vivas» para «a edificação dum edifício
espiritual, para um sacerdócio santo» (1 Pe 2, 5). Pelo Baptismo, participam no
sacerdócio de Cristo, na sua missão profética e real, são «raça eleita, sacerdócio de
reis, nação santa, povo que Deus tornou seu», para anunciar os louvores d'Aquele
que os «chamou das trevas à sua luz admirável» (1 Pe 2, 9). O Baptismo confere a
participação no sacerdócio comum dos fiéis.
1269. Feito membro da Igreja, o baptizado já não se pertence a si próprio (69) mas
Aquele que morreu e ressuscitou por nós (70). A partir daí, é chamado a submeterse
aos outros (71), a servi-los (72) na comunhão da Igreja, a ser «obediente e dócil»
aos chefes da Igreja (73) e a considerá-los com respeito e afeição (74). Assim como
o Baptismo é fonte de responsabilidade e deveres, assim também o baptizado goza
de direitos no seio da Igreja: direito a receber os sacramentos, a ser alimentado
com a Palavra de Deus e a ser apoiado com outras ajudas espirituais da Igreja (75).
1270. Os baptizados, «regenerados [pelo Baptismo] para serem filhos de Deus,
devem confessar diante dos homens a fé que de Deus receberam por meio da
Igreja» e participar na actividade apostólica e missionária do povo de Deus (77).
O VÍNCULO SACRAMENTAL DA UNIDADE DOS CRISTÃOS
1271. O Baptismo constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos,
mesmo com aqueles que ainda não estão em plena comunhão com a Igreja
Católica: «Pois aqueles que crêem em Cristo e foram devidamente baptizados,
estão numa certa comunhão, embora não perfeita, com a Igreja Católica
justificados no Baptismo pela fé, são incorporados em Cristo, e, por isso, com
direito se honram com o nome de cristãos e justamente são reconhecidos pelos
filhos da Igreja Católica como irmãos no Senhor» (78). «O Baptismo, pois,
constitui o vínculo sacramental da unidade vigente entre todos os que por ele
foram regenerados» (79).
UMA MARCA ESPIRITUAL INDELÉVEL...
1272. Incorporado em Cristo pelo Baptismo, o baptizado é configurado com Cristo
(80). O Baptismo marca o cristão com um selo espiritual
indelével («charactere») da sua pertença a Cristo. Esta marca não é apagada por
nenhum pecado, embora o pecado impeça o Baptismo de produzir frutos de
salvação (81). Ministrado uma vez por todas, o Baptismo não pode ser repetido.
1273. Incorporados na Igreja pelo Baptismo, os fiéis receberam o carácter
sacramental que os consagra para o culto religioso cristão (82). O selo baptismal
capacita e compromete os cristãos a servir a Deus mediante uma participação viva
na santa liturgia da Igreja, e a exercer o seu sacerdócio baptismal pelo
testemunho duma vida santa e duma caridade eficaz (83).
1274. O «selo do Senhor» («dominicus character») (84) é o selo com que o Espírito
Santo nos marcou «para o dia da redenção» (Ef 4, 30) (85). «O Baptismo é,
efectivamente, o selo da vida eterna» (86). O fiel que tiver «guardado o selo» até
ao fim, quer dizer, que tiver permanecido fiel às exigências do seu Baptismo,
poderá partir «marcado pelo sinal da fé» (87), com a fé do seu Baptismo, na
expectativa da visão bem-aventurada de Deus – consumação da fé – e na
esperança da ressurreição.
Resumindo:
1275. A iniciação cristã faz-se pelo conjunto de três sacramentos: o Baptismo, que
é o princípio da vida nova; a Confirmação, que é a consolidação da mesma vida; e a
Eucaristia, que alimenta o discípulo com o corpo e sangue de Cristo, em vista da
sua transformação n'Ele.
1276. «Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, baptizai-os em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo, e ensinai-os a cumprir tudo quanto vos mandei» (Mt
28, 19-20).
1277. O Baptismo constitui o nascimento para a vida nova em Cristo. Segundo a
vontade do Senhor; ele é necessário para a salvação, como a própria Igreja, na
qual o Baptismo introduz.
1278. O rito essencial do Baptismo consiste em mergulhar na água o candidato ou
em derramar água sobre a sua cabeça, pronunciando a invocação da Santíssima
Trindade, isto é, do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
1279. O fruto do Baptismo ou graça baptismal é uma realidade rica que inclui: a
remissão do pecado original e de todos os pecados pessoais; o renascimento para
uma vida nova, pela qual o homem se torna filho adoptivo do Pai, membro de
Cristo, templo do Espírito Santo. Por esse facto, o baptizado é incorporado na
Igreja, corpo de Cristo, e tornado participante do sacerdócio de Cristo.
1280. O Baptismo imprime na alma um sinal espiritual indelével, o carácter; que
consagra o baptizado para o culto da religião cristã. Por causa do carácter; o
Baptismo não pode ser repetido (88).
1281. Os que sofrem a morte por causa da fé, os catecúmenos e todos aqueles que,
sob o impulso da graça, sem conhecerem a Igreja, procuram sinceramente a Deus e
se esforçam por cumprir a sua vontade, podem salvar-se, mesmo sem terem
recebido o Baptismo (89).
1282. Desde os tempos mais antigos, o Baptismo é administrado às crianças, visto
ser uma graça e um dom de Deus que não supõem méritos humanos; as crianças
são baptizadas na fé da Igreja. A entrada na vida cristã dá acesso à verdadeira
liberdade.
1283. Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, a Liturgia da Igreja convidanos
a ter confiança na misericórdia divina e a rezar pela sua salvação.
1284. Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde que tenha a
intenção de fazer o que a Igreja faz e derrame água sobre a cabeça do candidato,
dizendo: «Eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».
Espírito(«vitae spiritualis ianua – porta da vida espiritual») e a porta que dá
acesso aos outros sacramentos. Pelo Baptismo somos libertos do pecado e
regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos
incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão (4). «Baptismos est
sacramentam regeneratiorais per aquam in Verbo – O Baptismo pode definir-se
como o sacramento da regeneração pela água e pela Palavra» (5).
I. Como se chama este sacramento?
1214. Chama-se Baptismo, por causa do rito central com que se realiza:
baptizar (baptizeis, em grego) significa «mergulhar», «imergir». A «imersão» na
água simboliza a sepultura do catecúmeno na morte de Cristo, de onde sai pela
ressurreição com Ele (6) como «nova criatura» (2 Cor 5, 17;Gl 6, 15).
1215. Este sacramento é também chamado «banho da regeneração e da
renovação no Espírito Santo» (Tt 3, 5), porque significa e realiza aquele
nascimento da água e do Espírito, sem o qual «ninguém pode entrar no Reino de
Deus» (Jo 3, 5).
1216. «Este banho é chamado iluminação, porque aqueles que recebem este
ensinamento [catequético] ficam com o espírito iluminado...» (7). Tendo recebido
no Baptismo o Verbo, «luz verdadeira que ilumina todo o homem» (Jo 1, 9), o
baptizado, «depois de ter sido iluminado» (8), tornou-se «filho da luz» (9) e ele
próprio «luz» (Ef 5, 8):
«O Baptismo é o mais belo e magnífico dos dons de Deus [...] Chamamos-lhe dom,
graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo
e tudo o que há de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que não
trazem nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: baptismo, porque o
pecado é sepultado nas águas; unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que
são ungidos); iluminação, porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa
vergonha;banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de
Deus» (10).
II. O Baptismo na economia da salvação
AS PREFIGURAÇÕES DO BAPTISMO NA ANTIGA ALIANÇA
1217. Na liturgia da Vigília Pascal, a quando da bênção da água baptismal, a Igreja
faz solenemente memória dos grandes acontecimentos da história da salvação que
prefiguravam já o mistério do Baptismo:
«Senhor nosso Deus: pelo vosso poder invisível, realizais maravilhas nos vossos
sacramentos. Ao longo dos tempos, preparastes a água para manifestar a graça do
Baptismo» (11).
1218. Desde o princípio do mundo, a água, esta criatura humilde e admirável, é a
fonte da vida e da fecundidade. A Sagrada Escritura vê-a como «incubada» pelo
Espírito de Deus (12):
«Logo no princípio do mundo, o vosso Espírito pairava sobre as águas, para que já
desde então concebessem o poder de santificar» (13).
1219. A Igreja viu na arca de Noé uma prefiguração da salvação pelo Baptismo.
Com efeito, graças a ela, «um pequeno grupo, ao todo oito pessoas, foram salvas
pela água» (1 Pe 3, 20):
«Nas águas do dilúvio, destes-nos uma imagem do Baptismo, sacramento da vida
nova, porque as águas significam ao mesmo tempo o fim do pecado e o princípio da
santidade» (14).
1220. Se a água de nascente simboliza a vida, a água do maré um símbolo da
morte. Por isso é que podia prefigurar o mistério da cruz. E por este simbolismo, o
Baptismo significa a comunhão com a morte de Cristo.
1221. É sobretudo a travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel
da escravidão do Egipto, que anuncia a libertação operada pelo Baptismo:
«Aos filhos de Abraão fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho, para que
esse povo, liberto da escravidão, fosse a imagem do povo santo dos baptizados»
(15).
1222. Finalmente, o Baptismo é prefigurado na travessia do Jordão, graças à qual
o povo de Deu- recebe o dom da terra prometida à descendência de Abraão,
imagem da vida eterna. A promessa desta herança bem-aventurada cumpre-se na
Nova Aliança.
O BAPTISMO DE CRISTO
1223. Todas as prefigurações da Antiga Aliança encontram a sua realização em
Jesus Cristo. Ele começa a sua vida pública depois de Se ter feito baptizar por São
João Baptista no Jordão (16). E depois da sua ressurreição, confere esta missão aos
Apóstolos: «Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações; baptizai-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinai-os a cumprir tudo quanto vos
mandei» (Mt 28, 19-20) (17).
1224. Nosso Senhor sujeitou-se voluntariamente ao Baptismo de São João,
destinado aos pecadores, para cumprir toda a justiça (18). Este gesto de Jesus é
uma manifestação do seu «aniquilamento» (19). O Espírito que pairava sobre as
águas da primeira criação, desce então sobre Cristo como prelúdio da nova criação
e o Pai manifesta Jesus como seu «Filho muito amado» (20).
1225. Foi na sua Páscoa que Cristo abriu a todos os homens as fontes do Baptismo.
De facto, Ele já tinha falado da sua paixão, que ia sofrer em Jerusalém, como dum
«baptismo» com que devia ser baptizado (21). O sangue e a água que manaram do
lado aberto de Jesus crucificado (22) são tipos do Baptismo e da Eucaristia,
sacramentos da vida nova (23): desde então, é possível «nascer da água e do
Espírito» para entrar no Reino de Deus (Jo 3, 5).
«Repara: Onde é que foste baptizado, de onde é que vem o Baptismo, senão da
cruz de Cristo, da morte de Cristo? Ali está todo o mistério: Ele sofreu por ti. Foi
n'Ele que tu foste resgatado, n'Ele que foste salvo» (24).
O BAPTISMO NA IGREJA
1226. Desde o dia de Pentecostes que a Igreja vem celebrando e administrando o
santo Baptismo. Com efeito, São Pedro declara à multidão, abalada pela sua
pregação: «convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus
Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito
Santo» (Act 2, 38). Os Apóstolos e os seus colaboradores oferecem o Baptismo a
quem quer que acredite em Jesus: judeus, pessoas tementes a Deus, pagãos (25). O
Baptismo aparece sempre ligado à fé: «Acredita no Senhor Jesus e serás salvo
juntamente com a tua família», declara São Paulo ao seu carcereiro em Filipos. E a
narrativa continua: «o carcereiro [...] logo recebeu o Baptismo, juntamente com
todos os seus» (Act 16, 31-33).
1227. Segundo o apóstolo São Paulo, pelo Baptismo o crente comunga na morte de
Cristo; é sepultado e ressuscita com Ele:
«Todos nós, que fomos baptizados em Cristo Jesus, fomos baptizados na sua morte.
Fomos sepultados com Ele pelo baptismo na morte, para que, assim como Cristo
ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova»
(Rm6, 3-4) (26).
Os baptizados «revestem-se de Cristo» (27). Pelo Espírito Santo, o Baptismo é um
banho que purifica, santifica e justifica (28).
1228. O Baptismo é, pois, um banho de água, no qual «a semente incorruptível» da
Palavra de Deus produz o seu efeito vivificador (29). Santo Agostinho dirá do
Baptismo: «Accedit verbum ad elementum, et fit sacramentam – Junta-se a
palavra ao elemento material e faz-se o sacramento» (30).
III. Como se celebra o sacramento do Baptismo?
A INICIAÇÃO CRISTÃ
1229. Desde o tempo dos Apóstolos que tornar-se cristão requer um caminho e
uma iniciação com diversas etapas. Este itinerário pode ser percorrido rápida ou
lentamente. Mas deverá sempre incluir certos elementos essenciais: o anúncio da
Palavra, o acolhimento do Evangelho que implica a conversão, a profissão de fé, o
Baptismo, a efusão do Espírito Santo, o acesso à comunhão eucarística.
1230. Esta iniciação tem variado muito no decurso dos séculos e segundo as
circunstâncias. Nos primeiros séculos da Igreja, a iniciação cristã conheceu grande
desenvolvimento, com um longo período de catecumenato e uma série de ritos
preparatórios que escalonavam liturgicamente o caminho da preparação
catecumenal, desembocando na celebração dos sacramentos da iniciação cristã.
1231. Nas regiões onde o Baptismo das crianças se tomou largamente a forma
habitual da celebração deste sacramento, esta transformou-se num acto único, que
integra, de um modo muito abreviado, as etapas preliminares da iniciação cristã.
Pela sua própria natureza, o Baptismo das crianças exige um catecumenato pósbaptismal.
Não se trata apenas da necessidade duma instrução posterior ao
Baptismo mas do desenvolvimento necessário da graça baptismal no crescimento
da pessoa. É o espaço próprio da catequese.
1232. O II Concílio do Vaticano restaurou, para a Igreja latina, «o catecumenato
dos adultos, distribuído em várias fases» (31). O respectivo ritual encontra-se
no Ordo initiationis christianae adultorum (1972). Aliás, o Concílio permitiu que,
«para além dos elementos de iniciação próprios da tradição cristã», se admitam,
em terras de missão, «os elementos de iniciação usados por cada um desses povos,
na medida em que puderem integrar-se no rito cristão» (32).
1233. Hoje em dia, portanto, em todos os ritos latinos e orientais, a iniciação
cristã dos adultos começa com a sua entrada no catecumenato, para atingir o
ponto culminante na celebração única dos três sacramentos, Baptismo,
Confirmação e Eucaristia (33). Nos ritos orientais, a iniciação cristã das crianças na
infância começa no Baptismo, seguido imediatamente da Confirmação e da
Eucaristia, enquanto no rito romano a mesma iniciação prossegue durante os anos
de catequese, para terminar, mais tarde, com a Confirmação e a Eucaristia, ponto
culminante da sua iniciação cristã (34).
A MISTAGOGIA DA CELEBRAÇÃO
1234. O sentido e a graça do sacramento do Baptismo aparecem claramente nos
ritos da sua celebração. Seguindo, com participação atenta, os gestos e as
palavras desta celebração, os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento
significa e realiza em cada novo baptizado.
1235. O sinal da cruz, no princípio da celebração, manifesta a marca de Cristo
impressa naquele que vai passar a pertencer-Lhe, e significa a graça da redenção
que Cristo nos adquiriu pela sua cruz.
1236. O anúncio da Palavra de Deus ilumina com a verdade revelada os candidatos
e a assembleia e suscita a resposta da fé, inseparável do Baptismo. Na verdade, o
Baptismo é, de modo particular, o «sacramento da fé», uma vez que é a entrada
sacramental na vida da fé.
1237. E porque o Baptismo significa a libertação do pecado e do diabo, seu
instigador, pronuncia-se sobre o candidato um ou vários exorcismos. Ele é ungido
com o óleo dos catecúmenos ou, então, o celebrante impõe-lhe a mão e ele
renuncia expressamente a Satanás. Assim preparado, pode professar a fé da
Igreja, à qual será «confiado» pelo Baptismo (35).
1238. A água baptismal é então consagrada por uma oração de epiclese (ou no
próprio momento, ou na Vigília Pascal). A Igreja pede a Deus que, pelo seu Filho, o
poder do Espírito Santo desça a esta água, para que os que nela forem baptizados
«nasçam da água e do Espírito»(Jo 3, 5).
1239. Segue-se o rito essencial do sacramento: o baptismo propriamente dito, que
significa e realiza a morte para o pecado e a entrada na vida da Santíssima
Trindade, através da configuração com o mistério pascal de Cristo. O Baptismo é
realizado, do modo mais significativo, pela tríplice imersão na água baptismal;
mas, desde tempos antigos, pode também ser conferido derramando por três
vezes água sobre a cabeça do candidato.
1240. Na Igreja latina, esta tríplice infusão é acompanhada pelas palavras do
ministro: «N., eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo». Nas
liturgias orientais, estando o catecúmeno voltado para o Oriente, o sacerdote diz:
«O servo de Deus N. é baptizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»; e
à invocação de cada pessoa da Santíssima Trindade, mergulha-o e retira-o da
água.
1241. A unção com o santo crisma, óleo perfumado que foi consagrado pelo bispo,
significa o dom do Espírito Santo ao novo baptizado. Ele tornou-se cristão, quer
dizer, «ungido» pelo Espírito Santo, incorporado em Cristo, que foi ungido
sacerdote, profeta e rei (36).
1242. Na liturgia das Igrejas do Oriente, a unção pós-baptismal é o sacramento da
Crismação (Confirmação). Na liturgia romana, anuncia uma segunda unção com o
santo Crisma, que será dada pelo bispo: o sacramento da Confirmação que, por
assim dizer, «confirma» e completa a unção baptismal.
1243. A veste branca simboliza que o baptizado «se revestiu de Cristo» (37):
ressuscitou com Cristo. A vela, acesa no círio pascal, significa que Cristo iluminou o
neófito. Em Cristo, os baptizados são «a luz do mundo» (Mt 5, 14) (38).
O recém-baptizado é agora filho de Deus no seu Filho Único e pode dizer a oração
dos filhos de Deus: O Pai-Nosso.
1244. A primeira Comunhão eucarística. Tornado filho de Deus, revestido da veste
nupcial, o neófito é admitido «ao banquete das núpcias do Cordeiro» e recebe o
alimento da vida nova, o corpo e sangue de Cristo. As Igrejas orientais conservam
uma consciência viva da unidade da iniciação cristã, dando a sagrada Comunhão a
todos os novos baptizados e confirmados, mesmo às criancinhas, lembrando a
palavra do Senhor: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis» (Mc 10,
14). A Igreja latina, que reserva o acesso à sagrada Comunhão para aqueles que
atingiram o uso da razão, exprime a abertura do Baptismo em relação à Eucaristia
aproximando do altar a criança recém-baptizada para a oração do Pai Nosso.
1245. A celebração do Baptismo conclui-se com a bênção solene. Aquando do
Baptismo de recém-nascidos, a bênção da mãe ocupa um lugar especial.
IV. Quem pode receber o Baptismo?
1246. «Todo o ser humano ainda não baptizado – e só ele – é capaz de receber o
Baptismo» (39)
O BAPTISMO DOS ADULTOS
1247. Desde os princípios da Igreja, o Baptismo dos adultos é a situação mais
corrente nas terras onde o anúncio do Evangelho ainda é recente. O catecumenato
(preparação para o Baptismo) tem, nesse caso, um lugar importante; sendo
iniciação na fé e na vida cristã, deve dispor para o acolhimento do dom de Deus no
Baptismo, Confirmação e Eucaristia.
1248. O catecumenato, ou formação dos catecúmenos, tem por finalidade permitir
a estes, em resposta à iniciativa divina e em união com uma comunidade eclesial,
conduzir à maturidade a sua conversão e a sua fé. Trata-se duma «formação e de
uma aprendizagem de toda a vida cristã», mediante a qual os discípulos se unem
com Cristo seu mestre. Por conseguinte, sejam os catecúmenos convenientemente
iniciados no mistério da salvação, na prática dos costumes evangélicos, e, com
ritos sagrados a celebrar em tempos sucessivos, sejam introduzidos na vida da fé,
da Liturgia e da caridade do povo de Deus» (40).
1249. Os catecúmenos «estão já unidos à Igreja», já são da casa de Cristo, e, não
raro, eles levam já uma vida de fé, de esperança e de caridade» (41). «A mãe
Igreja já os abraça como seus, com amor e solicitude» (42).
O BAPTISMO DAS CRIANÇAS
1250. Nascidas com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado
original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento no Baptismo
para serem libertas do poder das trevas e transferidas para o domínio da
liberdade dos filhos de Deus (44), a que todos os homens são chamados. A pura
gratuidade da graça da salvação é particularmente manifesta no Baptismo das
crianças. Por isso, a Igreja e os pais privariam, a criança da graça inestimável de se
tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Baptismo pouco depois do seu
nascimento (45).
1251. Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu
papel de sustentar a vida que Deus lhes confiou (46).
1252. A prática de baptizar as crianças é tradição imemorial da Igreja.
Explicitamente atestada desde o século II, é no entanto bem possível que, desde o
princípio da pregação apostólica, quando «casas» inteiras receberam o Baptismo
se tenham baptizado também as crianças (48).
FÉ E BAPTISMO
1253. O Baptismo é o sacramento da fé (49). Mas a fé tem necessidade da
comunidade dos crentes. Só na fé da Igreja é que cada um dos fiéis pode crer. A fé
que se requer para o Baptismo não é uma fé perfeita e amadurecida, mas um
princípio chamado a desenvolver-se. Ao catecúmeno ou ao seu padrinho perguntase:
«Que pedis à Igreja de Deus?» E ele responde: «A fé!».
1254. Em todos os baptizados, crianças ou adultos, a fé deve crescer depois do
Baptismo. É por isso que a Igreja celebra todos os anos, na Vigília Pascal, a
renovação das promessas do Baptismo. A preparação para o Baptismo conduz
apenas ao umbral da vida nova. O Baptismo é a fonte da vida nova em Cristo,
donde jorra toda a vida cristã.
1255. Para que a graça baptismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos
pais. Esse é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser pessoas
de fé sólida, capazes e preparados para ajudar o novo baptizado, criança ou
adulto, no seu caminho de vida cristã (50). O seu múnus é um
verdadeiro ofício eclesial (51). Toda a comunidade eclesial tem uma parte de
responsabilidade no desenvolvimento e na defesa da graça recebida no Baptismo.
V. Quem pode baptizar?
1256. São ministros ordinários do Baptismo o bispo e o presbítero, e, na Igreja
latina, também o diácono (52). Em caso de necessidade, qualquer pessoa, mesmo
não baptizada, desde que tenha a intenção requerida, pode baptizar utilizando a
fórmula baptismal trinitária (53). A intenção requerida é a de querer fazer o que
faz a Igreja quando baptiza. A Igreja vê a razão desta possibilidade na vontade
salvífica universal de Deus (54) e na necessidade do Baptismo para a salvação (55).
VI. A necessidade do Baptismo
1257. O próprio Senhor afirma que o Baptismo é necessário para a salvação (56).
Por isso, ordenou aos seus discípulos que anunciassem o Evangelho e baptizassem
todas as nações (57). O Baptismo é necessário para a salvação de todos aqueles a
quem o Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este
sacramento (58). A Igreja não conhece outro meio senão o Baptismo para garantir
a entrada na bem-aventurança eterna. Por isso, tem cuidado em não negligenciar
a missão que recebeu do Senhor de fazer «renascer da água e do Espírito» todos
os que podem ser baptizados. Deus ligou a salvação ao sacramento do Baptismo;
mas Ele próprio não está prisioneiro dos seus sacramentos.
1258. Desde sempre, a Igreja tem a firme convicção de que aqueles que sofrem a
morte por causa da fé, sem terem recebido o Baptismo, são baptizados pela sua
morte por Cristo e com Cristo. Este Baptismo de sangue, tal como o desejo do
Baptismo ou Baptismo de desejo, produz os frutos do Baptismo, apesar de não ser
sacramento.
1259. Para os catecúmenos que morrem antes do Baptismo, o seu desejo explícito
de o receber, unido ao arrependimento dos seus pecados e à caridade, garantelhes
a salvação, que não puderam receber pelo sacramento.
1260. «Com efeito, já que Cristo morreu por todos e a vocação última de todos os
homens é realmente uma só, a saber, a divina, devemos manter que o Espírito
Santo a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um
modo só de Deus conhecido» (59). Todo o homem que, na ignorância do Evangelho
de Cristo e da sua Igreja, procura a verdade e faz a vontade de Deus conforme o
conhecimento que dela tem, pode salvar-se. Podemos supor que tais pessoas
teriam desejado explicitamente o Baptismo se dele tivessem conhecido a
necessidade.
1261. Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, a Igreja não pode senão
confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito do respectivo funeral. De
facto, a grande misericórdia de Deus, «que quer que todos os homens se salvem»
(1 Tm 2, 4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que O levou a dizer: «Deixai
vir a Mim as criancinhas, não as estorveis» (Mc 10, 14), permitem-nos esperar que
haja um caminho de salvação para as crianças que morrem sem Baptismo. Por isso,
é mais premente ainda o apelo da Igreja a que não se impeçam as criancinhas de
virem a Cristo, pelo dom do santo Baptismo.
VII. A graça do Baptismo
1262. Os diferentes efeitos do Baptismo são significados pelos elementos sensíveis
do rito sacramental. A imersão na água evoca os simbolismos da morte e da
purificação, mas também da regeneração e da renovação. Os dois efeitos principais
são, pois, a purificação dos pecados e o novo nascimento no Espírito Santo (60).
PARA A REMISSÃO DOS PECADOS
1263. Pelo Baptismo todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os
pecados pessoais, bem como todas as penas devidas ao pecado (61). Com efeito,
naqueles que foram regenerados, nada resta que os possa impedir de entrar no
Reino de Deus: nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal, nem as
consequências do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus.
1264. No baptizado permanecem, no entanto, certas consequências temporais do
pecado, como os sofrimentos, a doença, a morte, ou as fragilidades inerentes à
vida, como as fraquezas de carácter, etc., assim como uma inclinação para o
pecado a que a Tradição chama concupiscênciaou, metaforicamente, a «isca» ou
«aguilhão» do pecado («fomes peccati»): «Deixada para os nossos combates, a
concupiscência não pode fazer mal àqueles que, não consentindo nela, resistem
corajosamente pela graça de Cristo. Bem pelo contrário, "aquele que tiver
combatido segundo as regras será coroado" (2 Tm 2, 5)» (62).
«UMA NOVA CRIATURA»
1265 O Baptismo não somente purifica de todos os pecados, como faz também do
neófito «uma nova criatura» (63), um filho adoptivo de Deus (64), tornado
«participante da natureza divina» (65), membro de Cristo (66) e co-herdeiro com
Ele (67), templo do Espírito Santo (68).
1266. A Santíssima Trindade confere ao baptizado a graça santificante, a graça da
justificação, que:
– o torna capaz de crer em Deus, esperar n'Ele e O amar, pelas virtudes teologais;
– lhe dá o poder de viver e agir sob a moção do Espírito Santo e pelos dons do
Espírito Santo;
– lhe permite crescer no bem, pelas virtudes morais. Assim, todo o organismo da
vida sobrenatural do cristão tem a sua raiz no santo Baptismo.
INCORPORADOS NA IGREJA, CORPO DE CRISTO
1267. O Baptismo faz de nós membros do corpo de Cristo. «Desde então [...], somos
nós membros uns dos outros.» (Ef 4, 25). O Baptismo incorpora na Igreja. Das
fontes baptismais nasce o único povo de Deus da Nova Aliança, que ultrapassa
todos os limites naturais ou humanos das nações, das culturas, das raças e dos
sexos: «Por isso é que todos nós fomos baptizados num só Espírito, para formarmos
um só corpo» (1 Cor 12, 13).
1268. Os baptizados tornaram-se «pedras vivas» para «a edificação dum edifício
espiritual, para um sacerdócio santo» (1 Pe 2, 5). Pelo Baptismo, participam no
sacerdócio de Cristo, na sua missão profética e real, são «raça eleita, sacerdócio de
reis, nação santa, povo que Deus tornou seu», para anunciar os louvores d'Aquele
que os «chamou das trevas à sua luz admirável» (1 Pe 2, 9). O Baptismo confere a
participação no sacerdócio comum dos fiéis.
1269. Feito membro da Igreja, o baptizado já não se pertence a si próprio (69) mas
Aquele que morreu e ressuscitou por nós (70). A partir daí, é chamado a submeterse
aos outros (71), a servi-los (72) na comunhão da Igreja, a ser «obediente e dócil»
aos chefes da Igreja (73) e a considerá-los com respeito e afeição (74). Assim como
o Baptismo é fonte de responsabilidade e deveres, assim também o baptizado goza
de direitos no seio da Igreja: direito a receber os sacramentos, a ser alimentado
com a Palavra de Deus e a ser apoiado com outras ajudas espirituais da Igreja (75).
1270. Os baptizados, «regenerados [pelo Baptismo] para serem filhos de Deus,
devem confessar diante dos homens a fé que de Deus receberam por meio da
Igreja» e participar na actividade apostólica e missionária do povo de Deus (77).
O VÍNCULO SACRAMENTAL DA UNIDADE DOS CRISTÃOS
1271. O Baptismo constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos,
mesmo com aqueles que ainda não estão em plena comunhão com a Igreja
Católica: «Pois aqueles que crêem em Cristo e foram devidamente baptizados,
estão numa certa comunhão, embora não perfeita, com a Igreja Católica
justificados no Baptismo pela fé, são incorporados em Cristo, e, por isso, com
direito se honram com o nome de cristãos e justamente são reconhecidos pelos
filhos da Igreja Católica como irmãos no Senhor» (78). «O Baptismo, pois,
constitui o vínculo sacramental da unidade vigente entre todos os que por ele
foram regenerados» (79).
UMA MARCA ESPIRITUAL INDELÉVEL...
1272. Incorporado em Cristo pelo Baptismo, o baptizado é configurado com Cristo
(80). O Baptismo marca o cristão com um selo espiritual
indelével («charactere») da sua pertença a Cristo. Esta marca não é apagada por
nenhum pecado, embora o pecado impeça o Baptismo de produzir frutos de
salvação (81). Ministrado uma vez por todas, o Baptismo não pode ser repetido.
1273. Incorporados na Igreja pelo Baptismo, os fiéis receberam o carácter
sacramental que os consagra para o culto religioso cristão (82). O selo baptismal
capacita e compromete os cristãos a servir a Deus mediante uma participação viva
na santa liturgia da Igreja, e a exercer o seu sacerdócio baptismal pelo
testemunho duma vida santa e duma caridade eficaz (83).
1274. O «selo do Senhor» («dominicus character») (84) é o selo com que o Espírito
Santo nos marcou «para o dia da redenção» (Ef 4, 30) (85). «O Baptismo é,
efectivamente, o selo da vida eterna» (86). O fiel que tiver «guardado o selo» até
ao fim, quer dizer, que tiver permanecido fiel às exigências do seu Baptismo,
poderá partir «marcado pelo sinal da fé» (87), com a fé do seu Baptismo, na
expectativa da visão bem-aventurada de Deus – consumação da fé – e na
esperança da ressurreição.
Resumindo:
1275. A iniciação cristã faz-se pelo conjunto de três sacramentos: o Baptismo, que
é o princípio da vida nova; a Confirmação, que é a consolidação da mesma vida; e a
Eucaristia, que alimenta o discípulo com o corpo e sangue de Cristo, em vista da
sua transformação n'Ele.
1276. «Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, baptizai-os em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo, e ensinai-os a cumprir tudo quanto vos mandei» (Mt
28, 19-20).
1277. O Baptismo constitui o nascimento para a vida nova em Cristo. Segundo a
vontade do Senhor; ele é necessário para a salvação, como a própria Igreja, na
qual o Baptismo introduz.
1278. O rito essencial do Baptismo consiste em mergulhar na água o candidato ou
em derramar água sobre a sua cabeça, pronunciando a invocação da Santíssima
Trindade, isto é, do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
1279. O fruto do Baptismo ou graça baptismal é uma realidade rica que inclui: a
remissão do pecado original e de todos os pecados pessoais; o renascimento para
uma vida nova, pela qual o homem se torna filho adoptivo do Pai, membro de
Cristo, templo do Espírito Santo. Por esse facto, o baptizado é incorporado na
Igreja, corpo de Cristo, e tornado participante do sacerdócio de Cristo.
1280. O Baptismo imprime na alma um sinal espiritual indelével, o carácter; que
consagra o baptizado para o culto da religião cristã. Por causa do carácter; o
Baptismo não pode ser repetido (88).
1281. Os que sofrem a morte por causa da fé, os catecúmenos e todos aqueles que,
sob o impulso da graça, sem conhecerem a Igreja, procuram sinceramente a Deus e
se esforçam por cumprir a sua vontade, podem salvar-se, mesmo sem terem
recebido o Baptismo (89).
1282. Desde os tempos mais antigos, o Baptismo é administrado às crianças, visto
ser uma graça e um dom de Deus que não supõem méritos humanos; as crianças
são baptizadas na fé da Igreja. A entrada na vida cristã dá acesso à verdadeira
liberdade.
1283. Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, a Liturgia da Igreja convidanos
a ter confiança na misericórdia divina e a rezar pela sua salvação.
1284. Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde que tenha a
intenção de fazer o que a Igreja faz e derrame água sobre a cabeça do candidato,
dizendo: «Eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».
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