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O CONHECIMENTO DE DEUS SEGUNDO A IGREJA

36. «A Santa Igreja, nossa Mãe, atesta e ensina que Deus, princípio e fim de todas
as coisas, pode ser conhecido, com certeza, pela luz natural da razão humana, a
partir das coisas criadas» (12). Sem esta capacidade, o homem não poderia acolher
a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade porque foi criado «à imagem
de Deus» (Gn 1, 27).
37. Nas condições históricas em que se encontra, o homem experimenta, no
entanto, muitas dificuldades para chegar ao conhecimento de Deus só com as luzes
da razão:
«Com efeito, para falar com simplicidade, apesar de a razão humana poder
verdadeiramente, pelas suas forças e luz naturais, chegar a um conhecimento
verdadeiro e certo de um Deus pessoal, que protege e governa o mundo pela sua
providência, bem como de uma lei natural inscrita pelo Criador nas nossas almas,
há, contudo, bastantes obstáculos que impedem esta mesma razão de usar
eficazmente e com fruto o seu poder natural, porque as verdades que dizem
respeito a Deus e aos homens ultrapassam absolutamente a ordem das coisas
sensíveis; e quando devem traduzir-se em actos e informar a vida, exigem que nos
dêmos e renunciemos a nós próprios. O espírito humano, para adquirir
semelhantes verdades, sofre dificuldade da parte dos sentidos e da imaginação,
bem como dos maus desejos nascidos do pecado original. Daí deriva que, em tais
matérias, os homens se persuadem facilmente da falsidade ou, pelo menos, da
incerteza das coisas que não desejariam fossem verdadeiras» (13).
38. É por isso que o homem tem necessidade de ser esclarecido pela Revelação de
Deus, não somente no que diz respeito ao que excede o seu entendimento, mas
também sobre «as verdades religiosas e morais que, de si, não são inacessíveis à
razão, para que possam ser, no estado actual do género humano, conhecidas por
todos sem dificuldade, com uma certeza firme e sem mistura de erro» (14).

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