120. Foi a Tradição Apostólica que levou a Igreja a discernir quais os escritos que
deviam ser contados na lista dos livros sagrados (97). Esta lista integral é chamada
«Cânon» das Escrituras. Comporta, para o Antigo Testamento, 46 (45, se se contar
Jeremias e as Lamentações como um só) escritos, e, para o Novo, 27 (98):
Para o Antigo Testamento: Génesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronómio,
Josué, Juízes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros
das Crónicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, os dois livros dos Macabeus,
Job, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes (ou Coelet), o Cântico dos Cânticos, a
Sabedoria, o livro de Ben-Sirá (ou Eclesiástico), Isaías, Jeremias, as Lamentações,
Baruc, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Nahum,
Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias;
Para o Novo Testamento: Os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João; os
Actos dos Apóstolos; as epístolas de São Paulo: aos Romanos, primeira e segunda
aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, primeira e
segunda aos Tessalonicenses, primeira e segunda a Timóteo, a Tito, a Filémon: a
Epístola aos Hebreus; a Epístola de Tiago, a primeira e segunda de Pedro, as três
epístolas de João, a Epístola de Judas e o Apocalipse.
O ANTIGO TESTAMENTO
121. O Antigo Testamento é uma parte da Sagrada Escritura de que não se pode
prescindir. Os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor
permanente (99), porque a Antiga Aliança nunca foi revogada.
122. Efectivamente, «a "economia"do Antigo Testamento destinava-se, sobretudo,
a preparar [...] o advento de Cristo, redentor universal».
Os livros do Antigo Testamento, «apesar de conterem também coisas imperfeitas
e transitórias», dão testemunho de toda a divina pedagogia do amor salvífico de
Deus: neles «encontram-se sublimes doutrinas a respeito de Deus, uma sabedoria
salutar a respeito da vida humana, bem como admiráveis tesouros de preces»;
neles, em suma, está latente o mistério da nossa salvação» (100).
123. Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus.
A Igreja combateu sempre vigorosamente a ideia de rejeitar o Antigo
Testamento, sob o pretexto de que o Novo o teria feito caducar (Marcionismo).
O NOVO TESTAMENTO
124. «A Palavra de Deus, que é força de Deus para salvação de quem acredita,
apresenta-se e manifesta o seu poder dum modo eminente nos escritos do Novo
Testamento»(101). Estes escritos transmitem-nos a verdade definitiva da
Revelação divina. O seu objecto central é Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado,
os seus actos, os seus ensinamentos, a sua Paixão e glorificação, bem como os
primórdios da sua Igreja sob a acção do Espírito Santo (102).
125. Os evangelhos são o coração de todas as Escrituras, «enquanto são o principal
testemunho da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador» (103).
126. Na formação dos evangelhos podemos distinguir três etapas:
1. A vida e os ensinamentos de Jesus. A Igreja sustenta firmemente que os quatro
evangelhos, «cuja historicidade afirma sem hesitações, transmitem fielmente as
coisas que Jesus, Filho de Deus, realmente operou e ensinou para salvação eterna
dos homens, durante a sua vida terrena, até ao dia em que subiu ao Céu».
2. A tradição oral. «Na verdade, após a Ascensão do Senhor, os Apóstolos
transmitiram aos seus ouvintes (com aquela compreensão mais plena de que
gozavam, uma vez instruídos pelos acontecimentos gloriosos de Cristo e
iluminados pelo Espírito de verdade) as coisas que Ele tinha dito e feito».
3. Os evangelhos escritos. «Os autores sagrados, porém, escreveram os quatro
evangelhos, escolhendo algumas coisas, entre as muitas transmitidas por palavra
ou por escrito, sintetizando umas, desenvolvendo outras, segundo o estado das
Igrejas, conservando, finalmente, o carácter de pregação, mas sempre de maneira
a comunicar-nos coisas verdadeiras e sinceras acerca de Jesus» (104).
127. O Evangelho quadriforme ocupa na Igreja um lugar único, de que são
testemunhas a veneração de que a Liturgia o rodeia e o atractivo incomparável
que em todos os tempos exerceu sobre os santos:
«Não há doutrina melhor, mais preciosa e esplêndida do que o texto do Evangelho.
Vede e retende o que nosso Senhor e Mestre, Cristo, ensinou pelas suas palavras
e realizou pelos seus actos» (105).
«É sobretudo o Evangelho que me ocupa durante as minhas orações. Nele
encontro tudo o que é necessário à minha pobre alma. Nele descubro sempre
novas luzes, sentidos escondidos e misteriosos» (106).
A UNIDADE DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO
128. A Igreja, já nos tempos apostólicos (107), e depois constantemente na sua
Tradição, pôs em evidência a unidade, do plano divino nos dois Testamentos,
graças à tipologia. Esta descobre nas obras de Deus, na Antiga Aliança,
prefigurações do que o mesmo Deus realizou na plenitude dos tempos, na pessoa
do seu Filho encarnado.
129. Os cristãos lêem, pois, o Antigo Testamento à luz de Cristo morto e
ressuscitado. Esta leitura tipológica manifesta o conteúdo inesgotável do Antigo
Testamento. Mas não deve fazer-nos esquecer de que ele mantém o seu valor
próprio de Revelação, reafirmado pelo próprio Jesus, nosso Senhor (108). Aliás,
também o Novo Testamento requer ser lido à luz do Antigo. A catequese cristã
primitiva recorreu constantemente a este método (109). Segundo um velho
adágio, o Novo Testamento está oculto no Antigo, enquanto o Antigo é
desvendado no Novo: « Novum in Vetere latet et in Novo Vetus patet» – «O Novo
está oculto no Antigo, e o Antigo está patente no Novo» (110).
130. A tipologia significa o dinamismo em ordem ao cumprimento do plano divino,
quando «Deus for tudo em todos» (1 Cor 15, 28). Assim, a vocação dos patriarcas e
o êxodo do Egipto, por exemplo, não perdem o seu valor próprio no plano de Deus
pelo facto de, ao mesmo tempo, serem etapas intermédias desse mesmo plano.
deviam ser contados na lista dos livros sagrados (97). Esta lista integral é chamada
«Cânon» das Escrituras. Comporta, para o Antigo Testamento, 46 (45, se se contar
Jeremias e as Lamentações como um só) escritos, e, para o Novo, 27 (98):
Para o Antigo Testamento: Génesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronómio,
Josué, Juízes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros
das Crónicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, os dois livros dos Macabeus,
Job, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes (ou Coelet), o Cântico dos Cânticos, a
Sabedoria, o livro de Ben-Sirá (ou Eclesiástico), Isaías, Jeremias, as Lamentações,
Baruc, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Nahum,
Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias;
Para o Novo Testamento: Os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João; os
Actos dos Apóstolos; as epístolas de São Paulo: aos Romanos, primeira e segunda
aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, primeira e
segunda aos Tessalonicenses, primeira e segunda a Timóteo, a Tito, a Filémon: a
Epístola aos Hebreus; a Epístola de Tiago, a primeira e segunda de Pedro, as três
epístolas de João, a Epístola de Judas e o Apocalipse.
O ANTIGO TESTAMENTO
121. O Antigo Testamento é uma parte da Sagrada Escritura de que não se pode
prescindir. Os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor
permanente (99), porque a Antiga Aliança nunca foi revogada.
122. Efectivamente, «a "economia"do Antigo Testamento destinava-se, sobretudo,
a preparar [...] o advento de Cristo, redentor universal».
Os livros do Antigo Testamento, «apesar de conterem também coisas imperfeitas
e transitórias», dão testemunho de toda a divina pedagogia do amor salvífico de
Deus: neles «encontram-se sublimes doutrinas a respeito de Deus, uma sabedoria
salutar a respeito da vida humana, bem como admiráveis tesouros de preces»;
neles, em suma, está latente o mistério da nossa salvação» (100).
123. Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus.
A Igreja combateu sempre vigorosamente a ideia de rejeitar o Antigo
Testamento, sob o pretexto de que o Novo o teria feito caducar (Marcionismo).
O NOVO TESTAMENTO
124. «A Palavra de Deus, que é força de Deus para salvação de quem acredita,
apresenta-se e manifesta o seu poder dum modo eminente nos escritos do Novo
Testamento»(101). Estes escritos transmitem-nos a verdade definitiva da
Revelação divina. O seu objecto central é Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado,
os seus actos, os seus ensinamentos, a sua Paixão e glorificação, bem como os
primórdios da sua Igreja sob a acção do Espírito Santo (102).
125. Os evangelhos são o coração de todas as Escrituras, «enquanto são o principal
testemunho da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador» (103).
126. Na formação dos evangelhos podemos distinguir três etapas:
1. A vida e os ensinamentos de Jesus. A Igreja sustenta firmemente que os quatro
evangelhos, «cuja historicidade afirma sem hesitações, transmitem fielmente as
coisas que Jesus, Filho de Deus, realmente operou e ensinou para salvação eterna
dos homens, durante a sua vida terrena, até ao dia em que subiu ao Céu».
2. A tradição oral. «Na verdade, após a Ascensão do Senhor, os Apóstolos
transmitiram aos seus ouvintes (com aquela compreensão mais plena de que
gozavam, uma vez instruídos pelos acontecimentos gloriosos de Cristo e
iluminados pelo Espírito de verdade) as coisas que Ele tinha dito e feito».
3. Os evangelhos escritos. «Os autores sagrados, porém, escreveram os quatro
evangelhos, escolhendo algumas coisas, entre as muitas transmitidas por palavra
ou por escrito, sintetizando umas, desenvolvendo outras, segundo o estado das
Igrejas, conservando, finalmente, o carácter de pregação, mas sempre de maneira
a comunicar-nos coisas verdadeiras e sinceras acerca de Jesus» (104).
127. O Evangelho quadriforme ocupa na Igreja um lugar único, de que são
testemunhas a veneração de que a Liturgia o rodeia e o atractivo incomparável
que em todos os tempos exerceu sobre os santos:
«Não há doutrina melhor, mais preciosa e esplêndida do que o texto do Evangelho.
Vede e retende o que nosso Senhor e Mestre, Cristo, ensinou pelas suas palavras
e realizou pelos seus actos» (105).
«É sobretudo o Evangelho que me ocupa durante as minhas orações. Nele
encontro tudo o que é necessário à minha pobre alma. Nele descubro sempre
novas luzes, sentidos escondidos e misteriosos» (106).
A UNIDADE DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO
128. A Igreja, já nos tempos apostólicos (107), e depois constantemente na sua
Tradição, pôs em evidência a unidade, do plano divino nos dois Testamentos,
graças à tipologia. Esta descobre nas obras de Deus, na Antiga Aliança,
prefigurações do que o mesmo Deus realizou na plenitude dos tempos, na pessoa
do seu Filho encarnado.
129. Os cristãos lêem, pois, o Antigo Testamento à luz de Cristo morto e
ressuscitado. Esta leitura tipológica manifesta o conteúdo inesgotável do Antigo
Testamento. Mas não deve fazer-nos esquecer de que ele mantém o seu valor
próprio de Revelação, reafirmado pelo próprio Jesus, nosso Senhor (108). Aliás,
também o Novo Testamento requer ser lido à luz do Antigo. A catequese cristã
primitiva recorreu constantemente a este método (109). Segundo um velho
adágio, o Novo Testamento está oculto no Antigo, enquanto o Antigo é
desvendado no Novo: « Novum in Vetere latet et in Novo Vetus patet» – «O Novo
está oculto no Antigo, e o Antigo está patente no Novo» (110).
130. A tipologia significa o dinamismo em ordem ao cumprimento do plano divino,
quando «Deus for tudo em todos» (1 Cor 15, 28). Assim, a vocação dos patriarcas e
o êxodo do Egipto, por exemplo, não perdem o seu valor próprio no plano de Deus
pelo facto de, ao mesmo tempo, serem etapas intermédias desse mesmo plano.
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