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O SEGUNDO MANDAMENTO


«Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus» (Ex 20, 7) (67)
«Foi dito aos antigos: "Não faltarás ao que tiveres jurado" [...]. Pois Eu digo-vos
que não jureis, em caso algum» (Mt 5, 33-34).

I. O nome do Senhor é Santo

2142. O segundo mandamento manda respeitar o nome do Senhor. Depende, como
o primeiro mandamento, da virtude da religião, e regula, dum modo mais
particular, o nosso uso da palavra nas coisas santas.
2143. Entre todas as palavras da Revelação, há uma, singular, que é a revelação
do nome de Deus. Deus confia o seu nome aos que crêem n'Ele; revela-se-lhes no
seu mistério pessoal. O dom do nome é da ordem da confidência e da intimidade.
«O nome do Senhor é Santo»; por isso, o homem não pode abusar dele. Deve
guardá-lo na memória, num silêncio de adoração amorosa (68). E não o empregará
nas suas próprias palavras senão para o bendizer, louvar e glorificar (69).
2144. A deferência para com o seu nome exprime a que é devida ao mistério do
próprio Deus e a toda a realidade sagrada que ele evoca. O sentido do
sagrado deriva da virtude da religião:
«Os sentimentos de temor e de sagrado serão ou não sentimentos cristãos? [...]
Ninguém pode razoavelmente pôr isso em dúvida. São os sentimentos que nós
teríamos, e num grau intenso, se tivéssemos a visão do Deus soberano. São os
sentimentos que nós teríamos, se tivéssemos consciência da sua presença. Ora, na
medida em que acreditamos que Ele está presente, devemos ter tais sentimentos.
Não os ter é não estar conscientes desta realidade, é não crer que Ele está
presente» (70).
2145. O fiel deve dar testemunho do nome do Senhor, confessando a sua fé sem
ceder ao medo (71). A pregação e a catequese devem estar compenetrados de
adoração e respeito pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
2146. O segundo mandamento proíbe o abuso do nome de Deus, isto é, todo o uso
inconveniente do nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os
santos.
2147. As promessas feitas a outrem, em nome de Deus, comprometem a honra, a
fidelidade, a veracidade e a autoridade divinas. Devem ser respeitadas por justiça.
Ser-lhes infiel é abusar do nome de Deus e, de certo modo, fazer de Deus um
mentiroso (72)
2148. A blasfémia opõe-se directamente ao segundo mandamento. Consiste em
proferir contra Deus – interior ou exteriormente – palavras de ódio, de censura,
de desafio; dizer mal de Deus; faltar-Lhe ao respeito nas conversas; abusar do
nome d'Ele. São Tiago reprova aqueles «que blasfemam o bom nome [de Jesus]
que sobre eles foi invocado» (Tg 2, 7). A proibição da blasfémia estende-se às
palavras contra a Igreja de Cristo, contra os santos, contra as coisas sagradas. É
também blasfematório recorrer ao nome de Deus para justificar práticas
criminosas, reduzir povos à escravidão, torturar ou condenar à morte. O abuso do
nome de Deus para cometer um crime provoca a rejeição da religião.
A blasfémia é contrária ao respeito devido a Deus e ao seu santo nome. É, em si
mesma, pecado grave (73).
2149. As juras, que invocam o nome de Deus sem intenção de blasfémia, são uma
falta de respeito para com o Senhor. O segundo mandamento interdiz também
o uso mágico do nome divino.
«O nome de Deus é grande, quando é pronunciado com o respeito devido à sua
grandeza e majestade. O nome de Deus é santo. quando se pronuncia com
veneração e temor de o ofender» (74).

II. O nome do Senhor invocado em vão

2150. O segundo mandamento proíbe jurar falso. Fazer um juramento, ou jurar, é
tomar a Deus como testemunha do que se afirma. É invocar a veracidade divina
como garantia da própria veracidade. O juramento compromete o nome do
Senhor. «Ao Senhor, teu Deus, adorarás, a Ele servirás e pelo seu nome
jurarás» (Dt 6, 13).
2151. A reprovação do falso juramento é um dever para com Deus. Como Criador e
Senhor, Deus é a regra de toda a verdade. A palavra humana, ou está de acordo
ou em oposição a Deus, que é a própria verdade. Quando é verídico e legítimo, o
juramento realça a relação da palavra humana com a verdade de Deus. O
juramento falso invoca Deus como testemunha de uma mentira.
2152. Comete perjúrio aquele que, sob juramento, faz uma promessa que não tem
a intenção de cumprir ou que, depois de ter prometido sob juramento, de facto
não cumpre. O perjúrio constitui uma grave falta de respeito para com o Senhor
de toda a palavra. Comprometer-se sob juramento a praticar uma acção má é
contrário à santidade do nome divino.
2153. Jesus expôs o segundo mandamento no sermão da montanha: «Ouvistes que
foi dito aos antigos: "Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás os teus
juramentos para com o Senhor". Eu, porém, digo-vos que não jureis em caso algum
[...]. A vossa linguagem deve ser: "Sim, sim; Não, não". O que passa disto vem do
Maligno» (Mt 5, 33-34. 37) (75). Jesus ensina que todo o juramento implica uma
referência a Deus e que a presença de Deus e da sua verdade deve ser honrada
em toda a palavra. A discrição no recurso a Deus, ao falar, anda a par com a
atenção respeitosa à sua presença, testemunhada ou desrespeitada em cada uma
das nossas afirmações.
2154. Seguindo o exemplo de São Paulo (76), a Tradição da Igreja entendeu a
palavra de Jesus como não se opondo ao juramento, quando feito por uma causa
grave e justa (por exemplo, diante do tribunal). «O juramento, isto é, a invocação
do nome de Deus como testemunha da verdade, não se pode prestar senão com
verdade, discernimento e justiça» (77).
2155. A santidade do nome de Deus exige que não se recorra a ele por questões
fúteis, e que não se preste juramento em circunstâncias susceptíveis de serem
interpretadas como uma aprovação do poder que injustamente o exigisse. Quando
o juramento é exigido por autoridades civis ilegítimas, pode ser recusado. E deve
sê-lo, se for pedido para fins contrários à dignidade das pessoas ou à comunhão da
Igreja.

III. O nome cristão

2156. O sacramento do Baptismo é conferido «em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo»(Mt 28, 19). No Baptismo, o nome do Senhor santifica o homem, e o
cristão recebe o seu nome na Igreja. Pode ser o dum santo, isto é, dum discípulo
que levou uma vida de fidelidade exemplar ao seu Senhor. O patrocínio do santo
oferece um modelo de caridade e assegura a sua intercessão. O «nome de
baptismo» pode também exprimir um mistério cristão ou uma virtude cristã.
«Procurem os pais, os padrinhos e o pároco que não se imponham nomes alheios
ao sentir cristão» (78).
2157. O cristão começa o seu dia, as suas orações, as suas actividades, pelo sinal
da cruz «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen». O baptizado
consagra o dia à glória de Deus e apela para a graça do Salvador, que lhe permite
agir no Espírito, como filho do Pai. O sinal da cruz fortalece-nos nas tentações e nas
dificuldades.
2158. Deus chama a cada um pelo seu nome (79). O nome de todo o homem é
sagrado. O nome é a imagem da pessoa. Exige respeito, como sinal da dignidade
de quem por ele se identifica.
2159. O nome recebido é um nome de eternidade. No Reino, o carácter misterioso
e único de cada pessoa marcada com o nome de Deus resplandecerá em plena luz.
«Ao vencedor [...] dar-lhe-ei uma pedra na qual estará escrito um novo nome, que
ninguém conhece, a não ser aquele que a recebe» (Ap 2, 17). «Olhei e vi: o
Cordeiro estava sobre o monte de Sido, e com Ele cento e quarenta e quatro mil
pessoas, que tinham inscrito na fronte o nome d'Ele e o do seu Pai» (Ap 14, 1).

Resumindo:
2160. «Senhor; nosso Deus, como é admirável o vosso nome em toda a terra! (Sl 8,
2).
2161. O segundo mandamento manda respeitar o nome do Senhor: O nome do
Senhor é santo.
2162. O segundo mandamento proíbe o uso inconveniente do nome de Deus. A
blasfémia consiste em usar o nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e
dos santos de modo injurioso.
2163. O juramento falso invoca Deus como testemunha duma mentira. O perjúrio é
uma falta grave contra o Senhor; sempre fiel às suas promessas.
2164. «Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, senão com verdade, por
necessidade e com reverência» (80).
2165. No Baptismo, o cristão recebe o seu nome na Igreja. Procurem os pais, os
padrinhos e o pároco que lhe seja imposto um nome cristão. O patrocínio dum
santo oferece um modelo de caridade e assegura a sua intercessão.
2166. O cristão começa as suas orações e as suas actividades pelo sinal da cruz
«em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen».
2167. Deus chama a cada um pelo seu nome (81).

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