702. Desde o princípio até à «plenitude do tempo» (50), a missão conjunta do
Verbo e do Espírito do Pai permanece oculta, mas está actuante. O Espírito de
Deus prepara o tempo do Messias: e um e outro, ainda não plenamente revelados,
já são prometidos com o fim de serem esperados e acolhidos quando da sua
manifestação. É por isso que, quando a Igreja lê o Antigo Testamento (51)
perscruta nele (52) o que o Espírito, «que falou pelos profetas» (53), nos quer dizer
acerca de Cristo.
Por «profetas», a fé da Igreja entende aqui todos aqueles que o Espírito Santo
inspirou no anúncio vivo e na redacção dos Livros santos, tanto do Antigo como do
Novo Testamento. A tradição judaica distingue a Lei (os cinco primeiros livros ou
Pentateuco), os Profetas (os livros ditos históricos e proféticos) e os Escritos
(sobretudo sapienciais, em particular os Salmos) (54).
NA CRIAÇÃO
703. A Palavra de Deus e o seu Espírito estão na origem do ser e da vida de todas
as criaturas (55).
É próprio do Espírito Santo reinar, santificar e animar a criação, porque Ele é Deus
consubstancial ao Pai e ao Filho [...]. Pertence-Lhe o poder sobre a vida, porque,
sendo Deus, guarda a criação no Pai pelo Filho (56).
704. «Quanto ao homem, foi com as suas próprias mãos (quer dizer, com o Filho e o
Espírito Santo) que Deus o moldou [...] e sobre a carne moldada desenhou a sua
própria forma, de modo que, mesmo o que havia de ser visível, tivesse a forma
divina» (57) .
O ESPÍRITO DA PROMESSA
705. Desfigurado pelo pecado e pela morte, o homem permanece «à imagem de
Deus», à imagem do Filho, mas está «privado da glória de Deus» (58) , privado da
«semelhança». A promessa feita a Abraão inaugura a «economia da salvação», no
termo da qual o próprio Filho assumirá «a imagem»(59) e restaurá-la-á na
«semelhança» com o Pai, voltando a dar-lhe a glória, o Espírito «que dá a vida».
706. Contra toda a esperança humana, Deus promete a Abraão uma descendência,
como fruto da fé e do poder do Espírito Santo (60). Nessa descendência serão
abençoadas todas as nações da terra (61). Essa descendência será o Cristo (62) no
qual a efusão do Espírito Santo fará «a unidade dos filhos de Deus dispersos» (63).
Comprometendo-Se por juramento (64), Deus obriga-Se, desde logo, ao dom do seu
Filho muito-amado (65) e ao dom do «Espírito Santo prometido, que constitui o
título de garantia da nossa herança para a redenção do povo que Deus adquiriu
para Si mesmo» (66).
NAS TEOFANIAS E NA LEI
707. As teofanias (manifestações de Deus) iluminam o caminho da promessa, dos
patriarcas a Moisés e de Josué até às visões que inauguram a missão dos grandes
profetas. A Tradição cristã sempre reconheceu que, nestas teofanias, o Verbo de
Deus Se deixava ver e ouvir, ao mesmo tempo revelado e «velado», na nuvem do
Espírito Santo.
708. Esta pedagogia de Deus manifesta-se especialmente no dom da Lei (67). A Lei
foi dada como um «pedagogo» para conduzir o povo a Cristo (68). Mas a sua
impotência para salvar o homem, privado da «semelhança» divina e o
conhecimento acrescido que ela dá do pecado (69) suscitam o desejo do Espírito
Santo. Os gemidos dos Salmos são disso testemunho.
NO REINO E NO EXÍLIO
709. A Lei, sinal da promessa e da Aliança, deveria reger o coração e as
instituições do povo nascido da fé de Abraão. «Se ouvirdes realmente a minha voz,
se guardardes a minha Aliança [...], sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma
nação consagrada» (Ex 19, 5-6) (70) . Mas depois de David, Israel sucumbe à
tentação de se tornar um reino como as outras nações. Ora o Reino, objecto da
promessa feita a David (71) , será obra do Espírito Santo: pertencerá aos que são
pobres segundo o Espírito.
710. O esquecimento da Lei e a infidelidade à Aliança levam à morte: é o Exílio,
aparentemente o fracasso das promessas, mas, na realidade, fidelidade misteriosa
do Deus salvador e o princípio duma restauração prometida, mas segundo o
Espírito. Era preciso que o povo de Deus sofresse esta purificação (72). O exílio traz
já a sombra da cruz no desígnio de Deus; e o «resto» dos pobres que regressa do
Exílio é uma das figuras mais transparentes da Igreja.
A EXPECTATIVA DO MESSIAS E DO SEU ESPÍRITO
711. «Eis que vou fazer algo de novo» (Is 43, 19): duas linhas proféticas vão ser
traçadas, incidindo uma sobre a expectativa do Messias e outra sobre o anúncio
dum Espírito novo, convergindo ambas no pequeno «resto», o povo dos pobres
(73), que aguarda na esperança a «consolação de Israel» e «a libertação de
Jerusalém» (Lc 2, 25.38).
Vimos mais atrás como Jesus cumpriu as profecias que Lhe diziam respeito.
Limitamo-nos agora àquelas em que aparece mais clara a relação entre o Messias
e o seu Espírito.
712. Os traços do rosto do Messias esperado começam a aparecer no Livro do
Emanuel (74) (quando Isaías [...] teve a visão da glória» de Cristo: Jo 12, 41),
particularmente em Is 11, 1-2:
«Naquele dia,
sairá um ramo do tronco de Jessé
e um rebento brotará das suas raízes.
Sobre ele repousará o Espírito do Senhor:
espírito de sabedoria e de entendimento,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de conhecimento e de temor do Senhor».
713. Os traços do Messias são revelados sobretudo nos cânticos do Servo (75).
Estes cânticos anunciam o sentido da paixão de Jesus, indicando assim a maneira
como Ele derramará o Espírito Santo para dar vida à multidão: não a partir do
exterior, mas assumindo a nossa «condição de servo» (Fl 2, 7). Tomando sobre Si a
nossa morte, Ele pode comunicar-nos o seu próprio Espírito de vida.
714. É por isso que Cristo inaugura o anúncio da Boa-Nova, apropriando-Se desse
passo de Isaías (Lc 4, 18-19) (76) :
«O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim,
porque o Senhor Me ungiu.
Enviou-Me a anunciar a Boa-Nova aos que sofrem,
para curar os desesperados,
para anunciar a libertação aos exilados
e a liberdade aos prisioneiros,
para proclamar o ano da graça do Senhor».
715. Os textos proféticos, respeitantes directamente ao envio do Espírito Santo,
são oráculos em que Deus fala ao coração do seu povo na linguagem da promessa,
com os acentos do «amor e da fidelidade» (77), cujo cumprimento São Pedro
proclamará na manhã do Pentecostes (78)». Segundo estas promessas, nos
«últimos tempos» o Espírito do Senhor há-de renovar o coração dos homens,
gravando neles uma lei nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos;
transformará a primeira criação e Deus habitará nela com os homens, na paz.
716. O povo dos «pobres» (79) , dos humildes e dos mansos, totalmente entregues
aos desígnios misteriosos do seu Deus, o povo dos que esperam a justiça, não dos
homens mas do Messias, tal é, afinal, a grande obra da missão oculta do Espírito
Santo, durante o tempo das promessas, para preparar a vinda de Cristo. É a
qualidade do seu coração, purificado e iluminado pelo Espírito, que se exprime nos
salmos. Nestes pobres, o Espírito prepara para o Senhor «um povo bem disposto»
(80).
Verbo e do Espírito do Pai permanece oculta, mas está actuante. O Espírito de
Deus prepara o tempo do Messias: e um e outro, ainda não plenamente revelados,
já são prometidos com o fim de serem esperados e acolhidos quando da sua
manifestação. É por isso que, quando a Igreja lê o Antigo Testamento (51)
perscruta nele (52) o que o Espírito, «que falou pelos profetas» (53), nos quer dizer
acerca de Cristo.
Por «profetas», a fé da Igreja entende aqui todos aqueles que o Espírito Santo
inspirou no anúncio vivo e na redacção dos Livros santos, tanto do Antigo como do
Novo Testamento. A tradição judaica distingue a Lei (os cinco primeiros livros ou
Pentateuco), os Profetas (os livros ditos históricos e proféticos) e os Escritos
(sobretudo sapienciais, em particular os Salmos) (54).
NA CRIAÇÃO
703. A Palavra de Deus e o seu Espírito estão na origem do ser e da vida de todas
as criaturas (55).
É próprio do Espírito Santo reinar, santificar e animar a criação, porque Ele é Deus
consubstancial ao Pai e ao Filho [...]. Pertence-Lhe o poder sobre a vida, porque,
sendo Deus, guarda a criação no Pai pelo Filho (56).
704. «Quanto ao homem, foi com as suas próprias mãos (quer dizer, com o Filho e o
Espírito Santo) que Deus o moldou [...] e sobre a carne moldada desenhou a sua
própria forma, de modo que, mesmo o que havia de ser visível, tivesse a forma
divina» (57) .
O ESPÍRITO DA PROMESSA
705. Desfigurado pelo pecado e pela morte, o homem permanece «à imagem de
Deus», à imagem do Filho, mas está «privado da glória de Deus» (58) , privado da
«semelhança». A promessa feita a Abraão inaugura a «economia da salvação», no
termo da qual o próprio Filho assumirá «a imagem»(59) e restaurá-la-á na
«semelhança» com o Pai, voltando a dar-lhe a glória, o Espírito «que dá a vida».
706. Contra toda a esperança humana, Deus promete a Abraão uma descendência,
como fruto da fé e do poder do Espírito Santo (60). Nessa descendência serão
abençoadas todas as nações da terra (61). Essa descendência será o Cristo (62) no
qual a efusão do Espírito Santo fará «a unidade dos filhos de Deus dispersos» (63).
Comprometendo-Se por juramento (64), Deus obriga-Se, desde logo, ao dom do seu
Filho muito-amado (65) e ao dom do «Espírito Santo prometido, que constitui o
título de garantia da nossa herança para a redenção do povo que Deus adquiriu
para Si mesmo» (66).
NAS TEOFANIAS E NA LEI
707. As teofanias (manifestações de Deus) iluminam o caminho da promessa, dos
patriarcas a Moisés e de Josué até às visões que inauguram a missão dos grandes
profetas. A Tradição cristã sempre reconheceu que, nestas teofanias, o Verbo de
Deus Se deixava ver e ouvir, ao mesmo tempo revelado e «velado», na nuvem do
Espírito Santo.
708. Esta pedagogia de Deus manifesta-se especialmente no dom da Lei (67). A Lei
foi dada como um «pedagogo» para conduzir o povo a Cristo (68). Mas a sua
impotência para salvar o homem, privado da «semelhança» divina e o
conhecimento acrescido que ela dá do pecado (69) suscitam o desejo do Espírito
Santo. Os gemidos dos Salmos são disso testemunho.
NO REINO E NO EXÍLIO
709. A Lei, sinal da promessa e da Aliança, deveria reger o coração e as
instituições do povo nascido da fé de Abraão. «Se ouvirdes realmente a minha voz,
se guardardes a minha Aliança [...], sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma
nação consagrada» (Ex 19, 5-6) (70) . Mas depois de David, Israel sucumbe à
tentação de se tornar um reino como as outras nações. Ora o Reino, objecto da
promessa feita a David (71) , será obra do Espírito Santo: pertencerá aos que são
pobres segundo o Espírito.
710. O esquecimento da Lei e a infidelidade à Aliança levam à morte: é o Exílio,
aparentemente o fracasso das promessas, mas, na realidade, fidelidade misteriosa
do Deus salvador e o princípio duma restauração prometida, mas segundo o
Espírito. Era preciso que o povo de Deus sofresse esta purificação (72). O exílio traz
já a sombra da cruz no desígnio de Deus; e o «resto» dos pobres que regressa do
Exílio é uma das figuras mais transparentes da Igreja.
A EXPECTATIVA DO MESSIAS E DO SEU ESPÍRITO
711. «Eis que vou fazer algo de novo» (Is 43, 19): duas linhas proféticas vão ser
traçadas, incidindo uma sobre a expectativa do Messias e outra sobre o anúncio
dum Espírito novo, convergindo ambas no pequeno «resto», o povo dos pobres
(73), que aguarda na esperança a «consolação de Israel» e «a libertação de
Jerusalém» (Lc 2, 25.38).
Vimos mais atrás como Jesus cumpriu as profecias que Lhe diziam respeito.
Limitamo-nos agora àquelas em que aparece mais clara a relação entre o Messias
e o seu Espírito.
712. Os traços do rosto do Messias esperado começam a aparecer no Livro do
Emanuel (74) (quando Isaías [...] teve a visão da glória» de Cristo: Jo 12, 41),
particularmente em Is 11, 1-2:
«Naquele dia,
sairá um ramo do tronco de Jessé
e um rebento brotará das suas raízes.
Sobre ele repousará o Espírito do Senhor:
espírito de sabedoria e de entendimento,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de conhecimento e de temor do Senhor».
713. Os traços do Messias são revelados sobretudo nos cânticos do Servo (75).
Estes cânticos anunciam o sentido da paixão de Jesus, indicando assim a maneira
como Ele derramará o Espírito Santo para dar vida à multidão: não a partir do
exterior, mas assumindo a nossa «condição de servo» (Fl 2, 7). Tomando sobre Si a
nossa morte, Ele pode comunicar-nos o seu próprio Espírito de vida.
714. É por isso que Cristo inaugura o anúncio da Boa-Nova, apropriando-Se desse
passo de Isaías (Lc 4, 18-19) (76) :
«O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim,
porque o Senhor Me ungiu.
Enviou-Me a anunciar a Boa-Nova aos que sofrem,
para curar os desesperados,
para anunciar a libertação aos exilados
e a liberdade aos prisioneiros,
para proclamar o ano da graça do Senhor».
715. Os textos proféticos, respeitantes directamente ao envio do Espírito Santo,
são oráculos em que Deus fala ao coração do seu povo na linguagem da promessa,
com os acentos do «amor e da fidelidade» (77), cujo cumprimento São Pedro
proclamará na manhã do Pentecostes (78)». Segundo estas promessas, nos
«últimos tempos» o Espírito do Senhor há-de renovar o coração dos homens,
gravando neles uma lei nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos;
transformará a primeira criação e Deus habitará nela com os homens, na paz.
716. O povo dos «pobres» (79) , dos humildes e dos mansos, totalmente entregues
aos desígnios misteriosos do seu Deus, o povo dos que esperam a justiça, não dos
homens mas do Messias, tal é, afinal, a grande obra da missão oculta do Espírito
Santo, durante o tempo das promessas, para preparar a vinda de Cristo. É a
qualidade do seu coração, purificado e iluminado pelo Espírito, que se exprime nos
salmos. Nestes pobres, o Espírito prepara para o Senhor «um povo bem disposto»
(80).
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