Translate

JESUS CRISTO FOI SEPULTADO

624. «Pela graça de Deus, ele experimentou a morte, para proveito de
todos» (Heb 2, 9). No seu plano de salvação, Deus dispôs que o seu Filho, não só
«morresse pelos nossos pecados»(1 Cor 15, 3), mas também «saboreasse a morte»,
isto é, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre a sua alma e o
seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que expirou na
cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do
sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo, em que
Cristo, depositado no túmulo (513), manifesta o repouso sabático de Deus (514)
depois da realização (515) da salvação dos homens, que pacifica todo o universo
(516).
O CORPO DE CRISTO NO SEPULCRO
625. A permanência do corpo de Cristo no túmulo constitui o laço real entre o
estado passível de Cristo antes da Páscoa e o seu estado glorioso actual de
ressuscitado. É a mesma pessoa do «Vivente» que pode dizer: «Estive morto e eis-
Me vivo pelos séculos dos séculos» (Ap 1, 18):
«É este o mistério do desígnio de Deus àcerca da morte e da ressurreição dos
mortos: se Ele não impediu que a morte separasse a alma do corpo, segundo a
ordem necessária da natureza: mas juntou-os de novo um ao outro pela
ressurreição, a fim de ser Ele próprio na sua pessoa o ponto de encontro da morte
e da vida, suspendendo em Si a decomposição da natureza produzida pela morte e
tornando-Se, Ele próprio, princípio de reunião para as partes separadas» (517).
626. Uma vez que o «Príncipe da Vida», a quem deram a morte (518), é
precisamente o mesmo «Vivente que ressuscitou» (519), é forçoso que a pessoa
divina do Filho de Deus tenha continuado a assumir a alma e o corpo, separados
um do outro pela morte:
«Embora Cristo, enquanto homem tenha sofrido a morte e a sua santa alma tenha
sido separada do seu corpo imaculado, nem por isso a divindade se separou, de
nenhum modo, nem da alma nem do corpo: e nem por isso a Pessoa única foi
dividida em duas. Tanto o corpo como a alma tiveram existência simultânea, desde
o início, na Pessoa do Verbo; e, apesar de na morte terem sido separados, nenhum
dos dois deixou de subsistir na Pessoa única do Verbo» (520).
«NÃO DEIXAREIS O VOSSO SANTO SOFRER A CORRUPÇÃO»
627. A morte de Cristo foi uma verdadeira morte, na medida em que pôs fim à sua
existência humana terrena. Mas por causa da união que a Pessoa do Filho
manteve com o seu corpo, este não se tornou um despojo mortal como os outros,
porque «não era possível que Ele ficasse sob o domínio» da morte (Act 2, 24) e, por
isso, «o poder divino preservou o corpo de Cristo da corrupção» (521). De Cristo
pode dizer-se ao mesmo tempo: «Foi cortado da terra dos vivos» (Is 53, 8) e: «A
minha carne repousará na esperança, porque Tu não abandonarás a minha alma
na mansão dos mortos, nem deixarás que o teu santo conheça a corrupção» (Act 2,
26-27) (522). A ressurreição de Jesus «ao terceiro dia» (1 Cor 15, 4; Lc 24, 46) (523)
era disso sinal, até porque se julgava que a corrupção começava a manifestar-se a
partir do quarto dia (524).
«SEPULTADOS COM CRISTO...»
628. O Baptismo, cujo sinal original e pleno é a imersão, significa eficazmente a
descida ao túmulo, por parte do cristão que morre para o pecado com Cristo, com
vista a uma vida nova. «Fomos sepultados com Ele, pelo Baptismo, na sua morte,
para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também
nós vivamos uma vida nova» (Rm 6, 4) (525).

Nenhum comentário:

Postar um comentário