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NOSSA SENHORA DE CUAPA

AS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA
EM CUAPA - NICARÁGUA – 1980.



Onde Aconteceu: Em Cuapa, Nicarágua ( América Central ).

Quando: Em 1980.

A Quem: Ao Vidente Bernardo Martinez.


Os Fatos: Cuapa é um pequeno vale, localizado no município de Juigalpa, em Chontales. Seus habitantes são pequenos criadores de gado. É um lugar calmo com pequenos montes próprios da região.

O Sinal de Luzes

Foi em uma antiga capela de cuapa que os sinais começaram no final do mês março de 1980.

Ao entrar na sacristia, Bernardo Martinez encontrou uma luz acesa. Achou que fora a Sra. Auxiliadora Martinez quem a tivesse deixado acesa. No inicio de abril novamente, encontrou na capela outra luz acesa. Então culpou a Sra. Socorro Barea.
Não pensou que pudesse ser sinais vindos do céu e por isso ia discutir com essas senhoras, o custo da eletricidade pois as chaves da capela estavam aos cuidados de Bernardo Martinez, quem deveria ser o mais cuidadoso. E essa era sua preocupação.
Ao estar com elas viu que as estava culpando de algo sem que elas tivessem culpa. Então pensou em não dizer nada.

No dia 15 de abril de 1980, viu a imagem toda iluminada. Pensou que eram os meninos que estavam jogando na praça, que tivessem quebrado as telhas e que assim a luz entrava sobre a imagem. Também pensou em cobrar deles pelas telhas e pelo custo dos reparos, porque já os havia cobrado por isso antes; desde então não havia cobrado de novo. Pensou também que eles tivessem invadido a capela, porque Bernardo morava longe e pensou:
Agora que não estava aqui, eles jogaram e quebraram as telhas.

Quando Chegou mais perto para ver, e viu que não havia nenhum buraco no teto; foi para fora para ver se era por causa das janelas que a luz de fora estava entrando e não podia ver nada; voltou para perto da imagem para ver se alguém havia colocado nela um rosário fosforescente. Olhou as mãos, os pés, o pescoço!!! Não havia nada. A luz não vinha de nada, vinha dela, da imagem. Foi um grande mistério para Bernardo Martinez, com a luz que vinha dela podia andar pela capela sem tropeçar. E era de noite, quase oito horas da noite, pois chegou tarde.
Compreendeu que era uma coisa estranha e que não era uma coisa comum, então ficou tão emocionado por vê-la tão iluminada. A via linda a imagem.

Foi tocar o sino da igreja porque chegou uma hora atrasado, e com o incidente da iluminação ficou ainda mais tarde para a reza do Rosário. Tudo aquilo estava gravado na mente de Bernardo e pensou: Vou levar a culpa por isso. Pensado nisso lembrou de uma coisa que sua avó costumava dizer quando ainda era criança: Nunca seja uma lâmpada na rua e uma escuridão em casa.
Compreendeu o seu pecado: queria que os outros fizessem paz, mas eu estava brigando em minha própria casa. Disse isso, pois havia ajudado a resolver um problema na cidade de Cuapa.

Houve uma divisão entre as pessoas porque muitos se opuseram à chegada dos cubanos para um programa de educação. Os opositores principais eram os homens jovens que iam ensinar. Eles disseram que poderíamos fazer tudo por nós mesmos: professores, estudantes do centro escolástico e voluntários da cidade. Os jovens estavam tão violentos com isso que diziam: Se o padre deseja que cubanos venham aqui, é melhor que ele volte para a Itália.

Mas, pouco a pouco, conversando com o sacerdote arranjou tudo sem violência. Pois nenhum cubano veio a Cuapa para o programa de educação. Mas na Comarca del Silencio houve um problema com um jovem que ficou doente, e eles tiveram que trazer um cubano para substituí-lo. E no fim o cubano, vendo os pedintes agradecendo a Deus pela comida, disse: “Não digam isso... falem como nós falamos, 'Graças a Fidel que eu comi.”
Isso foi uma prova de que tinha bons motivos para não querer cubanos em Cuapa porque este jovem foi ensinado a colocar o ”homem“ no lugar de DEUS.

Pensou sobre tudo isso e voltou ao pensamento de que poderia ajudar a trazer a paz lá, mas em sua própria casa não estava fazendo isso. E dessa forma decidiu pedir perdão diante de todas as pessoas.

Depois do pedido público de desculpas, contou a todas as pessoas que estavam lá, rezando o Rosário, o que havia visto: a imagem iluminada. Mas pediu para elas manterem segredo. Isso não aconteceu. O segredo se espalhou por toda Cuapa e Bernardo sofreu muito por causa disso, porque alguns o havia ridicularizado.
Uma das irmãs na comunidade foi para Juigalpa e contou ao sacerdote que é também reitor. Assim que ele chegou a Cuapa, ele perguntou a Bernardo:

- Que novidades você tem?
- Bernardo respondeu: Nenhuma.
  E ele insistiu:
- Você tem alguma!

Um dia chegando à casa da Sra. Consuelo Marin, ela perguntou sobre o ocorrido. Bernardo Contou a ela tudo o que havia acontecido, e ela respondeu que acreditava, e era para dizer à Virgem que ela queria vê-la iluminada. Ela prometeu que a faria saber se a visse de novo.
O sacerdote, pároco da cidade, num outro dia novamente perguntou a Bernardo; e disse tudo o que haviam contado a ele. Ele lhe disse que sim, que era tudo verdade. O Pároco pediu para contar tudo a ele. Bernardo contou. O Sacerdote perguntou o que ele rezava. Ele respondeu que o Rosário e três Ave-Marias à Virgem Santa, desde que era pequeno. E que sua avó ensinou a chamá-La sempre quando tinha qualquer problema, dizendo:

Não me deixe minha Mãe. Ela também ensinou a dizer:
É Maria nossa Auxiliadora, doce farol do mar.
Desde que aprendi a amar, Ela é o amor de minha alma.
Ela guiou todos os passos de minha infância.
E por isso, desde minha infância meu amor por ELA permanece.
Ela me ensinou de memória, porque ela não sabia ler.

O padre então disse para rezar e perguntar à Virgem Santa se havia alguma coisa que ELA queria de nós, e para Se manifestar mais claramente. Assim Bernardo fez, mas rezou assim:

Mãe Santíssima, por favor não peça nada de mim. Eu tenho muitos problemas na igreja. Faça seus pedidos a outra pessoa, porque eu quero evitar mais problemas. Eu tenho muitos, no momento. Não quero mais outros. Foi isso o que disse à Virgem Santa.

Com o passar dos dias, as pessoas se esqueceram sobre a iluminação da imagem. Bernardo de sua parte continuou com sua oração como ordenou o padre.

Assim foi que a Virgem Santíssima preparou Bernardo, assim como um lavrador prepara a terra. Com aquela confissão pública que fez diante de seus irmãos para os quais pediu perdão.
Estava havendo uma mudança em sua vida. Ele mudou; com isso ELA o preparou.


A Primeira Visão
  
Conta Bernardo como aconteceu:

No início de maio, eu estava triste devido a problemas financeiros, problemas no emprego e até problemas espirituais. E me sentia aborrecido. Até mesmo disse de manhã que desejaria morrer. Eu não queria existir. Eu havia trabalhado muito pelas pessoas da cidade e podia ver que elas não gostaram de nada. Eu não tinha vontade de continuar.
Na capela eu varri, tirei o pó, lavei as toalhas do altar e as alvas, por isso eu era caçoado, era chamado de bobo. Mesmo minha própria família, meus irmãos de sangue, diziam que eu não prosperei financeiramente por causa de meu envolvimento com as coisas na sacristia. Que eu me tornei sacristão, mas sem ganhar dinheiro por isso. Comecei a trabalhar na casa de Deus desde que fui capaz de usar um pano e uma vassoura. Na época eu era muito pequeno. Fiz isso porque daquela maneira eu servia o Senhor.

 De qualquer forma, agora em Cuapa tudo estava mudado, porque varrer a capela é uma honra. Agora é uma honra! As toalhas do altar são lavadas num piscar de olhos; antes que você se dê conta, elas foram lavadas e passadas.

Voltando a como eu me sentia no início de maio, eu mal dormi na noite do dia sete. A noite toda me sentia quente e me levantei sentindo esse calor. Comi alguma coisa e disse pra mim mesmo: Vou ao rio pescar para me sentir mais fresco e tranqüilo.
Levantei cedo de manhã com um saco e um facão de mato. Fui para o rio, e me senti feliz, contente em um ambiente agradável. E não me lembrei de nada.
Quando era meio dia não voltei porque sentia tranqüilidade, alegria e não sentia fome. À uma hora choveu e fui para baixo da árvore; comecei a rezar o Rosário. Quando a chuva ia parando, eu terminava o Rosário. Eu estava todo molhado, minhas roupas todas encharcadas. Peguei os peixes que estavam na areia, coloquei no saco, e fui para uma mangueira para ver se as frutas estavam maduras.

Foi para um morro cortar um galho para juntar coyoles. Logo depois, foi para uma árvore de jocotes para pegar jocotes. Pensei que devia estar atrasado. Olhei para o sol porque não tinha relógio. Para nós no campo, o sol é nosso relógio onde vemos as horas. Era três da tarde. As horas foram como minutos. Disse a mim mesmo: É tarde.
Lembrei que tinha que alimentar os animais e então ir à cidade para rezar o Rosário com as pessoas às cinco horas da tarde. Saí dos jocotes em direção à árvore de coyoles, quando de repente vi um relâmpago. Pensei e disse a mim mesmo: Vai chover. Mas fiquei espantado porque não havia visto de onde tinha vindo o relâmpago.
Parei mas não pude ver nada; nenhum sinal de chuva.

Logo depois fui para perto de um lugar em que havia algumas rochas. Andei uns seis ou sete passos. Foi quando vi outro relâmpago, mas foi para abrir minha visão e ELA se apresentou.
Eu então fiquei pensando se isso poderia ser algo ruim, se era a mesma imagem da capela. Mas eu A vi piscar. ELA era linda...

Havia uma pequena árvore de Norisco sobre as rochas e sobre aquela árvore estava a nuvem, era extremamente branca. Soltava raios em todas as direções, raios de luz como o sol. Na nuvem estavam os pés de uma linda senhora. Seus pés estavam descalços. O vestido era longo e branco. Ela tinha um cordão celestial em torno do peito. Mangas longas. Cobrindo-a estava um véu de uma cor creme pálido com bordados dourados nas bordas. Suas mãos estavam postas juntas sobre o peito. Parecia como a imagem da Virgem de Fátima. Estava imóvel.

Não conseguia correr para gritar. Não senti medo. Estava surpreso. Pensei e disse: O que estou vendo? Poderia ser a mesma imagem da Virgem que eles trouxeram e colocaram aqui para mim; a imagem da capela para brincar comigo porque disse que a vi iluminada. É um truque? Mas não! Eu os teria visto carregando-a. Então passei a mão sobre meu rosto porque pensei que estava vendo como em um sonho. E disse: Pode ser que esteja dormindo, mas não tropecei em nada.

E quando removi minhas mãos do rosto, vi que Ela tinha pele humana e que Seus olhos se moveram e Ela piscou. Então disse, em meus pensamentos porque não conseguia mover minha língua, eu disse: Ela está viva, não é uma imagem! Ela está viva! Minha mente era a única coisa que conseguia mover. Eu me senti amortecido, minha mandíbula e minha língua como se estivessem dormindo; tudo imobilizado, como disse somente as idéias se movendo em minha cabeça.

Estava nesse pensamento quando ela estendeu os braços como na Medalha Milagrosa que nunca havia visto, mas que me mostraram mais tarde. Ela estendeu os braços e de suas mãos emanaram raios de luz mais fortes que o sol... Ela deixou as mãos levantadas e os raios que vinham de Suas mãos atingiram meu peito. Quando Ela parou de emitir a luz foi que me encorajei a falar, ainda que gaguejando.

Eu lhe perguntei:

Qual o seu nome?

Ela me respondeu com a voz mais doce que já ouvi de qualquer mulher, disse que       seu nome era Maria. Eu vi como Seus lábios se moveram. Então disse: Ela está viva! Ela falou! Ela respondeu a minha pergunta! Eu não podia imaginar que pudéssemos conversar que poderia falar com Ela.

Eu então lhe perguntei de onde Ela vinha.

Ela me respondeu com a mesma doçura.

Eu vim do céu. Sou a Mãe de Jesus.


Ouvindo isso eu imediatamente lhe perguntei (lembrando o que o sacerdote me havia dito) eu lhe perguntei:

- O que a Senhora quer?

 Ela me respondeu:

- Eu quero que o Rosário seja rezado todos os dias.

Então interrompi e Lhe disse:

Sim, nós estamos rezando. O padre trouxe para nós as intenções da paróquia de San Francisco para que nos possamos unir a eles.

Ela me disse:

- Eu quero que seja rezado permanentemente, na família incluindo as crianças que tiverem idade o suficientes para compreenderem, para ser rezado numa hora em que não houver problemas com o trabalho da casa.

Ela me disse que o Senhor não gosta de orações feitas correndo ou mecanicamente.

Disse ELA: Recomendou a oração do Rosário com a leitura de citações bíblicas e que puséssemos em prática a Palavra de Deus.

Quando ouvi isso, pensei e disse:

Como? porque não sabia que o Rosário era bíblico.

Foi por isso que Lhe perguntei:

Onde estão as citações bíblicas?

Ela me disse para procurá-las na Bíblia e continuou a dizer:

Amem-se uns aos outros. Cumpram com suas obrigações.
Façam a paz. Não peçam a paz a Nosso Senhor porque se vocês não a fazem não haverá paz.

Depois Ela me disse:

- Renovem os cinco primeiros sábados. Vocês receberam muitas graças quando todos faziam isso.

Antes da guerra costumávamos fazer isso. Íamos à confissão e comunhão todo primeiro sábado do mês, mas como o Senhor já havia nos libertado do derramamento de sangue em Cuapa, não continuamos com essa prática.

Então Ela disse:

- A Nicarágua sofreu muito desde o terremoto. Ela está ameaçada com ainda mais sofrimento. Ela continuará a sofrer se vocês não mudarem.

E após uma pequena pausa, disse:

- Rezem, rezem meu filho, o Rosário, pelo mundo todo. Diga aos crentes e não crentes que o mundo está ameaçado por graves perigos. Pedi ao Senhor que abrande Sua justiça, mas, se vocês não mudarem, apressarão a chegada da Terceira Guerra Mundial.

Depois que Ela disse estas palavras, compreendi que eu teria que dizer isto às pessoas e Lhe disse:

- Senhora, eu não quero problemas; tenho muitos na igreja. Diga isto para outra pessoa.

Ela então me disse:

- Não, porque Nosso Senhor o escolheu para dar a mensagem.

Quando Ela me disse isso, vi que a nuvem em que estava se levantava, e lembrei-me do que a Sra. Consuelo Marin tinha dito e disse a Ela: Senhora, não vá porque quero ir contar à Sra. Consuelo porque ela me disse que queria vê-La.

Ela me disse:

- Não. Nem todos podem Me ver. Ela Me verá quando a levar ao céu, mas ela deve rezar o Rosário como pedi.

E depois de dizer isso, a nuvem não demorou mais. Ela ergueu os braços como na imagem da Assunção que vi tantas vezes na catedral de Juigalpa. Ela olhou para cima em direção ao céu e a nuvem A elevou.

Como estava em um raio de luz, quando atingiu uma certa distância ELA desapareceu. Então peguei o facão, o saco, e o ramo. Fui cortar os coyoles e pensei em não dizer a ninguém. Em não dizer nada do que tinha visto ou ouvido.

Fui à capela para rezar o Rosário e não disse nada. Quando voltei para casa, me senti triste. Meus problemas aumentaram com aquilo.
Rezei o Rosário novamente e pedi à Mãe Santíssima que me libertasse das tentações porque pensei que era isso uma tentação.

Durante a noite ouvi uma voz me dizendo que eu deveria contar. Acordei novamente, e de novo rezei o Rosário. Eu não tinha paz. Não contei a ninguém porque não queria que as pessoas falassem. Já estavam falando porque eu tinha visto a imagem iluminada. Pensei: Agora será pior. Nunca vou ter paz.

Foi por isso que não queria contar a ninguém. E não voltei ao local das aparições. As mangas e jocotes foram perdidos. Fui para o rio, mas por outro caminho. Vou para o rio todo dia para nadar e para dar água ao bezerro que tenho.

Durante este período em que guardei segredo, um grande peso parecia ter caído em mim e eu ouvia algo como uma voz que me dizia para contar. Mas eu simplesmente não queria contar. Como o sofrimento era cada vez maior, procurei maneiras de me distrair. Mas nada era uma distração. Procurei meus amigos para me divertir mas sempre no meio da diversão eu ouvia a voz e a tristeza voltava. Eu estava ficando magro e pálido. As pessoas me perguntavam o que havia de errado, se eu estava doente. Eu dizia que não. Passaram assim oito dias.

Dia 16 de maio eu estava indo dar água ao bezerro. Eu estava cruzando o pasto, sem conseguir ver o bezerro. Eu andava com um bastão. Quando estava perto de um Guapinol, já no meio do pasto, com o sol forte como se direto sobre minha cabeça, vi um relâmpago. Era meio-dia. Em plena luz, porque, como disse, era um dia quente e ensolarado, havia uma luz ainda mais forte, mais do que a luz do meio-dia.

Naquele relâmpago, ELA se apresentou. Eu A vi da mesma forma que no dia 8 de maio, com suas mãos juntas, e então Ela as estendeu. E ao estender as mãos, os raios de luz vieram em minha direção. Eu fiquei olhando para Ela. Permaneci quieto, mas disse para mim mesmo:

É ELA! É a mesma. A mesma Senhora aparece de novo para mim. Pensei que Ela tinha vindo se queixar por tudo o que Ela me disse para contar. Eu me senti culpado por não ter falado como Ela me pediu da primeira vez, e na minha cabeça eu disse:
 Eu não vou ao lugar onde Ela apareceu porque Ela aparece lá, e agora Ela aparece para mim aqui. Que situação, Ela estará me seguindo onde quer que eu esteja.
Estava com isso na cabeça, quando ELA me disse com um tom de sua voz suave, mas com uma entonação como de repreensão:

- Por que você não disse o que lhe enviei a dizer?

Então respondi:

- Senhora, é que estou com medo. Estou com medo de ser o ridículo das pessoas, medo de que riam de mim, de que não acreditem em mim. Aqueles que não acreditarem nisto, vão rir de mim. Dirão que estou louco.

ELA então me disse:

- Não tenha medo. Vou ajudá-lo, e diga ao padre.

Dizendo isso, houve outro relâmpago e Ela desapareceu. Então continuei a andar e vi o bezerro que antes não conseguia ver. Eu o levei ao rio, dei um pouco de água, e voltei para casa. Eu me arrumei para ir à capela e então rezei o Rosário.

Pensei em dizer somente para Sra. Lilliam Ruiz de Martinez para a Sra. Socorro Barea de Marin. Foi o que fiz. Eu tinha mais confiança nelas do que em qualquer outra pessoa na comunidade de Cuapa. Eu as chamai à parte e lhes contei tudo o que tinha visto e ouvido. Elas então me repreenderam.

Era a primeira vez que eu recebia uma repreensão sem responder nada, porque sempre tentava me livrar com minhas idéias. E eu resmungava. Prometi a elas que contaria no dia seguinte. Fui para casa e me deitei para dormir. O dia seguinte amanheceu e senti uma alegria estranha. Todos os problemas, como me pareceu, havia se dissipado.

No dia 17 de maio. Naquele dia eu contei a todos que vieram a minha casa. Eu lhes contei e eles me ouviram. Alguns acreditaram, outros ouviram curiosos e fingiram acreditar, outros não acreditaram e riram. Mas não me importou. Quando chegou a hora de rezar o Rosário, rezamos e depois eu lhes contei tudo. Novamente notei a mesma coisa: alguns acreditaram, outros não, outros ficaram ouvido maravilhados, espantados, outros, analisando, outros permaneceram em silêncio, outros riram e disseram que eu estava maluco. Cada um de acordo com o que sentia. Mas nada disso era importante para mim. Eu me senti feliz por contar tudo.

Dia 19 de maio fui a Juigalpa de manhã e contei ao padre como a Senhora me havia dito. Contei a ele tudo o que havia visto e ouvido. Ele me escutou. E então me disse:

- Seria alguém que quer assustar você naqueles morros?

Eu lhe disse que não. Eu disse, não, porque havia uma possibilidade de fazer isso no rio e nos montes em que havia ido cortar o ramo, mas no meio do pasto, onde passo, não havia como. Nada pode ser escondido. É campo aberto. Então ele me disse:

- Poderia ser uma tentação que lhe persegue?

Eu lhe disse que não. Não sabia por que podia somente relatar a ele o que havia visto e ouvido; mas com relação à tentação, eu não poderia dizer por que não sabia. Ele então me disse para ir ao lugar onde as aparições ocorreram e para rezar o Rosário lá, fazer o sinal da cruz quando A visse e para não ter medo, porque se fosse algo mau ou bom, nada iria me acontecer. Ele também disse para não contar a ninguém o que visse ou ouvisse, depois. Mas o que já havia visto, eu poderia contar ao povo de Cuapa.


A Segunda Visão

Dia 8 de junho eu fui ao local onde ocorreram as aparições, porque ELA me havia pedido para ir lá. Cheguei e rezei o Rosário com algumas pessoas, mas a Senhora não veio. Eu voltei me sentindo desconsolado.

Durante a noite, em sonhos, ELA se apresentou. Era a mesma que durante o dia estava no mesmo lugar onde A vi pela primeira vez. Eu rezei o Rosário. Ao final do Rosário, novamente vi os dois relâmpagos e ELA apareceu.

Em meu sonho eu Lhe disse:

- O que a Senhora quer, minha Mãe?

- ELA me deu a mesma mensagem que tinha dado da primeira vez, e depois Lhe fiz alguns pedidos que tinha, porque agora as pessoas me recomendavam coisas para dizer a Ela.

Ela me respondeu dizendo:

- Alguns serão atendidos, outros não.

E fiquei sem saber quais seriam atendidos e quais não. Os pedidos que o povo de Cuapa me fazia eram variados: alguns pediam coisas que eram mais ou menos materiais; tais como ter sorte no trabalho, ser curado de uma doença, e outros problemas. Outros pediram coisas espirituais; tais como, ter paciência, amor a Deus, Fé, perseverança na oração, ser capaz de amar os que não gostam de mim e os que prejudicam aqueles a quem amo. Quando voltei, fui incapaz de dizer as pessoas quais seriam realizados e quais não.

Nossa Senhora apareceu sobre a pequena árvore de Norisco como da primeira vez. Ela olhava para o leste. À Sua esquerda, perto da pilha de rochas em que nasceu a pequena árvore, havia dois cedros. Atualmente um deles não existe mais, porque as pessoas tiraram o tronco pedaço a pedaço; o outro também estava desaparecendo. Do pequeno Norisco nada resta; ele desapareceu completamente. À direita dela, mas um pouco mais longe, há quatro palmeiras de coyole. Entre a primeira e a segunda, como quem vem do rio, há um grande espaço.

Erguendo Sua mão direita, Ela indicou aquele espaço e disse:

- Olhe para o céu.

Eu olhei naquela direção. O Jocaro que fica em frente, entre as duas palmeiras, não impediu que eu pudesse ver, porque ele tem poucos troncos e é baixo. Ela mostrou algo como um filme no espaço que eu falei. Vi um grande grupo de pessoas vestidas de branco que caminhavam na direção em que o sol nasce. Estavam banhadas em luz e muito felizes; elas cantavam. Eu podia ouvi-las, mas não compreendia as palavras. Era uma festa celestial. Tanta felicidade... Tanta alegria... Como eu nunca havia visto. Nem mesmo em uma procissão eu havia visto tal coisa. Seus corpos radiavam luz. Senti como se tivesse sido transportado. Nem eu mesmo posso me explicar. No meio de minha admiração, eu A ouvi me falar:

- Veja, estas são as primeiras comunidades quando começou o Cristianismo. São os primeiros catecúmenos; muitos deles foram mártires. Vocês querem ser mártires? Você mesmo deseja ser um mártir?

Naquele momento eu não sabia exatamente o significado de ser um mártir, agora sei, porque tenho perguntado. É aquele que professa Jesus Cristo abertamente em público, que é uma testemunha Dele, até mesmo dando sua vida, mas respondi que sim. Depois daquilo vi outro grupo, também vestido de branco com alguns rosários luminosos nas mãos. As contas eram extremamente brancas e irradiavam luzes de diferentes cores. Um deles carregava um grande livro aberto. Ele lia e depois de escutarem eles meditavam em silêncio. Pareciam estar em oração. Depois desse período de oração silenciosa, eles rezavam o Pai Nosso e dez Ave-Marias. Rezei com eles.

Quando o Rosário terminou, Nossa Senhora me disse:

- Estes foram os primeiros para quem dei o Rosário. Essa é a forma em que desejo que todos vocês rezem o Rosário.

Respondi à Senhora que sim, faríamos assim. Algumas pessoas me disseram que isso provavelmente tem a ver com os Dominicanos. Não conheço essa ordem religiosa, e até hoje nunca vi alguém dessa ordem.

Depois disso, vi um terceiro grupo, todos em vestes marrons. Mas estes eu reconheci como sendo semelhantes aos Franciscanos. Sempre o mesmo, com Rosários e rezando. Quando eles passavam depois de terem rezado, a Senhora me disse:

- Estes receberam o Rosário das mãos dos primeiros.

Depois disso, um quarto grupo chegava. Era uma grande procissão; agora, vestidos como nós. Era um grupo tão grande que era impossível contá-los. Nos primeiros eu via muitos homens e mulheres; mas agora, era como um exército em tamanho, e eles tinham Rosários nas mãos. Estavam vestidos normalmente, em todas as cores. Fiquei feliz por vê-los. Quando alguém se veste diferente de outras pessoas, se sente algo estranho. Vendo o primeiro grupo não me senti atraído a eles por causa disso. Eu os admirei, mas não me senti como se estivesse em seu meio, tal como quando vi o último grupo. Logo senti que poderia entrar naquela cena porque estavam vestidos como eu.

Mas olhei para minhas mãos e as vi negras. Eles, por sua vez, irradiavam luz como os outros que apareceram antes. Seus corpos eram bonitos. Então disse:

- Senhora, vou com estes porque estão vestidos como eu.

Ela me disse:

- Não. Você ainda está em falta. Você deve dizer às pessoas o que tem visto e ouvido.

E ela acrescentou:

- Eu lhe mostrei a Glória de Nosso Senhor e vocês a terão se forem obedientes a Nosso Senhor, à Palavra do Senhor; se perseverarem na oração do Santo Rosário e colocarem em prática a Palavra do Senhor.

Depois de haver dito isso, a Visão da Glória de Deus desapareceu e a nuvem que A sustinha A elevou até o Céu. Ela parecia, como disse a imagem da Assunção. E dessa forma, foi como se a nuvem que a elevava desaparecesse.

Eu havia sido proibido pelo padre de dizer o que via e ouvia, e contei apenas a ele. Tomei o ônibus cedo na manhã do dia 9 de junho e contei ao padre. Pensei que, uma vez contado a ele, ele então iria me dar a permissão, e ele disse que não, que eu mantivesse em segredo.

Então comecei a sentir uma tremenda tristeza que mal podia suportar, e continuei a ouvir uma voz que me dizia para contar. Comecei a sofrer como antes. Mas escolhi obedecer ao padre e não relatei nada até que a permissão fosse dada.

E isso aconteceu no dia 24 de junho, que é festa do patrono de Cuapa, então eu pude contar apenas para as pessoas daquela vila. Naquele dia a igreja estava cheia de gente, e fui esperar para encontrá-lo e pedir permissão. O padre me disse "não" duas vezes, e da terceira vez aceitou que eu contasse.

A Terceira Visão

No dia 8 de julho fomos ao local onde ocorreram as aparições, fomos cerca de quarenta pessoas. Rezamos e cantamos, mas não A vi. Implorei em minhas orações para que A visse novamente.

À noite, enquanto dormia, tive um sonho. Sonhei que estava no local das aparições rezando pelo mundo. Em meu sonho me lembrei que Nossa Senhora havia me dito para rezar pela Nicarágua e pelo mundo todo porque sérios perigos o ameaçavam. E então, lembrando disso e do que o padre me havia dito, quando eu lhe contei sobre a mensagem da Virgem Santíssima; para rezar especialmente pelos religiosos, religiosas, sacerdotes e pelo Papa. Lembrando disso tudo, comecei a rezar; comecei a confiá-los a Deus. E confiei o mundo todo rezando o Rosário.

Havia um rapaz de Cuapa que estava preso. Ele havia se desentendido em uma festa; acusaram-no de ser um contra-revolucionário e o levaram preso depois da guerra. Sua irmã me pediu para interceder por ele. Ela estava muito triste porque ela não podia falar com ele sozinha quando o visitava na prisão. Além disso, não os deixavam sozinhos para conversar.

Depois de terminar o Rosário, lembrei-me de que não havia rezado por esse rapaz, e pensei:

- Vou rezar por ele, mas o Rosário está me tomando muito tempo...
Pensei assim em meus sonhos porque acreditei estar no lugar das aparições. Disse pra mim mesmo:

- Tenho que ir pra casa; será muito tarde quando voltar... vou rezar apenas três Ave-Marias.

No sonho eu me ajoelhei e ergui as mãos; novamente olhei para cima rezando pelo rapaz. Quando baixei os olhos e olhei para as rochas onde a Virgem Santíssima havia aparecido, vi um anjo. Ele estava vestido com uma longa túnica branca; ele era alto e muito jovem. Seu corpo parecia banhado em luz. Tinha o corpo físico de um homem adulto. Não tinha adornos, manto, nem coroa. Simples mas jovial. Seus pés não estavam sobre uma nuvem. Estava descalço. Ele tinha um comportamento amigável, gentil, e de grande serenidade.

Senti uma reverência quando estava diante dele, mas meus sentimentos com relação a ele eram diferentes do que sentia diante de Nossa Senhora... Como se ELA fosse alguém maior... Ela maior que ele. Não sei explicar... De qualquer forma, apesar do fato Dela inspirar em mim maior respeito, isto é, com um grande respeito, uma grande referência, muito mais do que senti com relação ao anjo.
Com ELA eu era corajoso o suficiente para fazer perguntas; e falei com ELA e fiz pedidos. Com o anjo eu mal falei.

Ouvi o anjo me dizer:

- Sua oração foi ouvida.

 Após um momento de silêncio ele acrescentou:

- Vá e diga à irmã do prisioneiro para ir e consolá-lo no domingo, porque ele está muito triste; para aconselhá-lo a não assinar um documento; que irão pressioná-lo a assinar um papel no qual ele assume responsabilidade por uma soma de dinheiro; ele é inocente.
Diga que ela não deve se preocupar, que será capaz de falar com ele sozinha por um longo tempo; que ela será tratada de maneira amigável.
Diga para ir segunda-feira no quartel-general da polícia de Juigalpa para completar todos os passos para sua libertação porque ele será solto naquele dia.
Diga para pegar 1.000 córdobas porque estabelecerão uma fiança.

Então lhe disse que tinha outro pedido de uma prima que mora em Zelaya. Ele veio a Cuapa para me ver e pedir que eu falasse à Virgem Santíssima sobre dois problemas: problemas em casa como resultado do vício da bebida e problemas com o trabalho devido a mudanças trazidas pela Revolução.

Ela queria saber como resolver o vício do alcoolismo com seu pai e seu irmão, porque os problemas resultantes em casa eram causados pela violência deles quando bebiam muito. Ela também queria saber o que podia fazer com seus problemas no trabalho como professora. Ela me explicou que não queria perder o emprego, mas parecia que pouco a pouco faziam com que negasse sua fé. Nisso ela sofria muito porque não queria perder o emprego, muito menos negar sua fé.

Por isso disse ao anjo que tinha dois pedidos de uma prima para a Santíssima Virgem; e sem entrar em detalhes, eu lhe disse que era com relação a problemas em casa por causa do vício da bebida de seu pai e irmão, e também problemas no trabalho. Não entrei em maiores detalhes. O anjo me respondeu dizendo:

- As pessoas ao redor deles devem ser pacientes com eles, e não devem reclamar quando estiverem inebriados.

Depois ele acrescentou:

Vá e diga a eles para parar com o vício, para fazê-lo pouco a pouco e que desse modo o desejo os deixará.

Ele então disse para avisar meu primo que iriam assaltá-lo; iriam baleá-lo no pé, ferindo seu calcanhar esquerdo; e que mais tarde iriam matá-lo. Ouvindo isso, fiquei tão assustado que disse ao anjo:

- Essa sentença sobre meu primo não pode ser revogada pela oração de vários Rosários?

Ele respondeu:

Não. Será assim que ele morrerá, mas se ele ouvir seu conselho sua vida pode ser prolongada.

Então, ele acrescentou para minha prima:

Ela não deve ter medo. Deve ficar firme como está. Não deve deixar seu emprego porque como professora que tem fé em Nosso Senhor ela pode fazer muito bem às pessoas.

E continuou, dizendo:

Não vire as costas aos problemas e não amaldiçoe ninguém.

O anjo disse ao final, e desapareceu. Eu acordei.
Logo comecei a rezar o Rosário, sem ser distraído pelo que sonhei. Depois comecei a pensar em todo o que havia sonhado. Eu me lembrei de tudo o que sonhei. Eu me lembrei de tudo como se tivesse sido impresso em mim.

Não sabia o que pensar. Mas escolhi contar à irmã do prisioneiro em segredo porque tinha medo de que aquilo não acontecesse. As pessoas estavam comentando sobre a Glória de Deus que eu havia visto no dia 8 de junho e diziam:

Quem foi e quem retornou? Bernardo está maluco. Deveríamos levá-lo ao asilo.

Por isso eu estava com medo. Contei à Sra. Socorro, dizendo que era apenas para ela saber. Contei no dia seguinte. Ela me perguntou como isso poderia ser se ela não podia falar com ele sozinha? Disse a ela ter confiança no Senhor e ir fazer tudo o que o anjo havia dito.
Rezamos junto o Rosário pelo irmão dela que estava preso.

Fomos vê-lo no domingo, 13 de julho. Ela ficou na cadeia sozinha com ele por muito tempo, e por causa disso ela pode lhe dizer para não assinar o documento. Todos foram gentis com ela.
Quando retornou a Cuapa, no mesmo domingo à tarde, ela pediu um empréstimo de 1.000 córdobas de um homem que nunca empresta nada sem impor alguma coisa. Ele deu o dinheiro a ela sem nenhuma garantia, sem nenhuma nota promissória, e até disse a ela:
Se quiser mais, eu dou mais.

Apresentaram o documento para o rapaz, mas ele se recusou a assinar. A Sra. Socorro veio na segunda-feira ao quartel-general da polícia em Juigalpa para completar todos os passos necessários para ver se o libertavam. Ela encontrou as pessoas do quartel-general muito amistosas. Libertaram o irmão e estabeleceram uma fiança de 1.000 córdobas. Ela lhes disse que era pobre e que poderiam baixar um pouco a fiança, e reduziram 200 córdobas. Tudo foi cumprido.

Logo saíram e voltaram a Cuapa, e vieram a minha casa para expressar sua gratidão. Eu lhes disse para não agradecerem a mim, mas ao Senhor e à Santíssima Virgem. Sugeri a eles que viesse rezar o Rosário. A Sra. Socorro estava muito feliz e me perguntou se ela podia contar às pessoas. Eu disse que sim. Muitos vieram a acreditar por causa deste evento, que para mim e para outros foi como ganhar uma recompensa ou ser libertado.

Ele saiu da Prisão na segunda-feira, 14 de julho, e no dia seguinte fui a Zelaya para lhes dizer sobre a mensagem recebida. Falei aos três. Ela acreditou em mim e me disse que poderia continuar trabalhando como professora. Meu tio escutou e me prometeu que tentaria deixar o vício pouco a pouco. Depois fui a cavalo diretamente para o rancho de meu primo, mas ele não acreditou em mim. Ele não acreditou em nada. Ele ouviu, mas sem respeito. Ele estava indiferente comigo e mesmo duro, porque em um tom de voz insultuoso ele me disse:
Primo, você está procurando algum modo de tomar uma bebida?

Voltei para casa triste e rezei o Rosário por ele. Poucos dias depois ouvi dizer que ele havia sido roubado e sua casa invadida. Retornei a Zelaya para lhe aconselhar e dizer para vender seu rancho e voltar a Cuapa. Assim ele evitaria aqueles incidentes. Ele não prestou atenção em mim, apesar de que o que eu lhe havia contado na visita anterior já havia sido cumprido em parte: eu lhe falei sobre um roubo. Eles roubaram dois burros dele. Eu lhe falei sobre um assalto. Eles arrombaram a porta uma noite e o roubaram de novo.
Eu lhe disse que seu calcanhar esquerdo seria ferido. E assim foi.

Durante esta segunda visita a Zelaya, ele mesmo me mostrou o ferimento mas ele não acreditou. Disse que foi coincidência. Ele não mudou.

Novamente voltei a Cuapa me sentindo triste. Desconsolado! Rezei o Rosário por ele.

Dois meses e um dia mais tarde, isto é, dia 9 de setembro de 1980, a cunhada dele, que mora em Cuapa, que não acreditava em nada do que eu dizia, recebeu um telegrama avisando-a de que meu primo havia sido encontrado morto. À meia-noite daquele mesmo dia, que foi também o dia que seguiu a quarta visão, o cadáver dele chegava a Cuapa.

Tudo o que o anjo havia dito foi cumprido ao pé da letra.

Eu tinha um encontro com a Senhora, mas ele não aconteceu. Não pudemos chegar lá porque o rio estava cheio. A correnteza estava muito forte e transbordava devido a ventos fortes. Uma chuva muito forte caiu desde a noite do dia 17, ao dia seguinte... Choveu sem parar até o dia 18 de agosto. Era impossível atravessar!

Eu estava acompanhado por um grupo de pessoas, todas mulheres. Chegando à margem do rio tentamos atravessar, mas vimos que era muito perigosa a travessia. Seria impossível mesmo com cavalo.

Eu disse: Mesmo sozinho, vou atravessar.

Mas olhei e disse: Não! Não posso fazer isso sozinho! A corrente irá me carregar, está tão forte!

Continuou a chover. Estávamos totalmente ensopados pela chuva. Então disse às pessoas: A Virgem Santa, a Mãe Santíssima, irá nos ouvir onde quer que estejamos. Paramos de tentar cruzar o rio para chegar ao local das visões. Sentamo-nos nas rochas ao longo do rio; outros permaneceram em pé. Então rezamos o Rosário e cantamos muitas canções. Na volta não sentíamos frio nem estávamos tristes.

Quando se tornou possível atravessar, voltamos ao local das aparições. Mas nada aconteceu, nem senti que a Senhora viria. Senti em não vê-La. Agora já estava familiarizado com a idéia Dela chegar. Eu me sentia feliz por esperá-La e ainda mais ao vê-La.

Outra coisa que aconteceu durante este mês foi que pude ver que o padre não acreditava em mim. Por educação ele tentava não demonstrar isso, mas não, ele não acreditava. Ele nunca mostrou nenhum interesse em ir ao local em que as aparições aconteciam.

Entretanto, um dia ele chegou à capela, celebrou a Missa, e depois me disse que queria ir ao local onde as aparições se davam. Mas me disse para não apontar o caminho e para não falar com ele.

E foi assim. Chegamos ao local. Pude ver que ele olhava para todos os lados ao redor. Ele olhava como se reconhecendo alguma coisa. Depois, indicou o ponto preciso: Este é o lugar que estava em meu sonho na noite passada.

Com isso ele mudou. Antes disso notava que ele não aceitava. Pude perceber isso. Mas não o julguei, pois talvez ele tenha sido um instrumento para saber a verdade.

Ao final de agosto, um dia lhe disse: Padre! Estou triste porque não pudemos cruzar o rio por causa da forte correnteza. Será que Ela esperava que atravessássemos o rio no dia 8 de agosto? Será que Ela não vai voltar?
Ele me disse: Reze e ela aparecerá novamente.

Ele disse isso com convicção.


A Quarta Visão

 Dia oito de setembro fui ao local das aparições esperando o encontro que não havia acontecido em agosto.

Novamente fui acompanhado por várias pessoas; havia também algumas crianças. Estávamos rezando o Rosário, e assim que terminamos, eu vi um relâmpago. Somente a luz dele foi vista. Estava claro; não havia sinal de chuva. Pensei e disse:

A Senhora está para chegar!

Outro sinal era a grande alegria interior quando estou para vê-La.
Então vi um segundo relâmpago que é sempre o que A faz aparecer e eu A vi sobre uma nuvem.

A nuvem estava sobre o Morisco que já estava sem folhas e o povo de Cuapa estava tirando-as pouco a pouco da pequena árvore.

Dessa forma, sobre tudo isso, estava a Virgem Maria. Eu a vi como uma criança. Linda! Mas pequena! Ela estava vestida em uma túnica de cor creme pálido. Não tinha um véu, nem coroa, nem manto. Nenhum adorno ou bordado. O vestido era longo, com mangas longas, e tinha um cordão rosa na cintura. Seu cabelo caía até os ombros e era castanho. Os olhos também, embora muito mais claros, quase da cor do mel. Toda Ela irradiava luz. Parecia como a Senhora, mas era uma criança.

Eu olhava para Ela maravilhado sem dizer uma palavra, e então ouvi Sua voz como de uma criança, uma criança de sete, oito anos. Com uma voz extremamente suave Ela me deu a mensagem; totalmente idêntica. Ao final, pensei que, como Ela era uma criança, seria mais fácil para ela permitir-se ver pelos outros que me acompanhavam. Esse era meu esforço. Disse a mim mesmo:

Os outros devem poder vê-La! E Lhe disse:

- Permita-se ser vista para que todo o mundo acredite. Estas pessoas que estão aqui querem vê-La

As pessoas podiam me ouvir, mas não a Ela. Falei bastante com Ela tentando fazer com que se permitisse ver, mas depois de me ouvir Ela disse:

- Não. É suficiente que você lhes dê a mensagem porque para aquele que acredita será suficiente, e para aquele que não acredita, mesmo que me veja ele não acreditará.

Estas palavras Dela foram cumpridas. Agora posso ver a descrença ou a fé de uma pessoa. Há indivíduos que crêem sem procurar ver nenhum sinal; a mensagem é suficiente para eles, eles a recebem. Alguns têm grandes necessidades, eles não pedem um milagre, não pedem curas, preferem acreditar no Senhor. Já outros através dos sinais vieram a acreditar.

Conheci um homem que, cheio de alegria, me disse:

Bernardo! Agora acredito que a Virgem apareceu. Você é feliz! Eu também A vejo!

Ele indicou o lugar. Era na velha capela, onde era o altar antes. Poucos metros além estava outro homem que, ao ver-me passar, me disse cheio de indiferença:

É verdade que está lá. Mas não é nada mais do que seres de outros planetas.

Isto ocorreu no dia 7 de maio de 1981, véspera do primeiro aniversário da primeria aparição.

Então não insisti mais que Ela permitisse que fosse vista, mas falei a respeito da igreja que as pessoas queriam construir em Sua honra. Padre Domingos nos disse que essa era uma decisão que ele não poderia tomar, e que devíamos contar à Santíssima Virgem. Por isso apresentei esta questão a ELA. Por que um homem de Matagalpa já nos havia dado C$80,00 córdobas para esse fim. Ela me respondeu dizendo:

- Não. O Senhor não quer igrejas materiais. Ele quer templos vivos, que são vocês mesmos.
Restaurem o sagrado templo do Senhor. Em vocês está a satisfação do Senhor.

E Ela continuou, dizendo:

- Amem-se. Amem uns aos outros. Perdoem-se uns aos outros. Façam a paz. Não peçam por ela antes.
Façam a paz!

Eu perguntei o que deveria fazer com as C$80,00 córdobas que tinha em minhas mãos. Eu me perguntava se deveria devolvê-las. Ela me disse para doá-las para a construção da capela em Cuapa. E acrescentou:

- Deste dia em diante, não aceite nem um centavo para nada.

Depois disse para não chamar "igreja" a coisas materiais porque a igreja e os templos somos nós mesmos; que as capelas são casas de oração. Às vezes, por hábito, me engano e digo igreja em vez de capela.

Nesse momento, me veio uma dúvida na cabeça. Eu havia pensado em perguntar a Ela sobre esta dúvida porque não sabia se continuava no catecumenato. Fiz isso para saber o que Ela me aconselhava. Ela me disse:

- Não. Não deixe. Sempre continue firme no catecumenato. Pouco a pouco você compreenderá tudo o que o catecumenato significa. Como um grupo da comunidade meditem sobre as beatitudes, longe de todo o barulho.

 Mais tarde ela acrescentou:

- Não vou retornar no dia 8 de outubro, mas no dia 13.

Então a nuvem A elevou. Como das outras vezes...

 

A Quinta Visão

Em outubro, no dia oito, fomos ao local das aparições.

Eu sabia que Ela não apareceria como já me havia dito.
Todo o povo as pessoas agora me seguiam, como que quisessem rezar o Rosário perto da pilha de rochas. Eles desejavam fazer isso por devoção.

No dia 13, que era uma segunda-feira, tínhamos uma devoção na capela às dez da manhã. Depois, um grupo de cerca de cinqüenta pessoas foi ao local das aparições. Uma pequena peregrinação. Fomos rezando o Rosário e cantando. Ao chegar, arranjamos as flores que as pessoas haviam trazido, sobre as rochas. começamos outro Rosário. O céu parecia como se fosse chover, com grandes nuvens ameaçadoras, Pareciam de chuva.

Quando estávamos no terceiro mistério, O do Nascimento do Filho de Deus, senti a mesma emoção que sempre sentia quando na hora de vê-La se aproximar. Mas achei melhor não perturbar a reza do Rosário. Ao final cantamos Minha Rainha do Céu. Repetíamos a parte que diz: Brilhante Estrela do Dia, dê-me a graça de poder cantar a Ave Maria, quando de repente um círculo luminoso se formou sobre o chão. Todos, sem exceção, o viram; era como um arco que tivesse caído e marcado esse círculo luminoso no chão. A luz veio de cima. A luz que veio era como um ponto de luz que, ao tocar o chão se espalhasse.

Vendo como esta luz caía sobre as cabeças de todos que lá estavam, olhei novamente para cima e vi um círculo que se havia formado também no céu. Como quando dizemos aqui:

Há um anel em volta da lua ou há um anel em volta do sol.

Esse círculo soltava luzes de cores diferentes, sem sair do sol. Não estava naquele lugar, pois o sol já se estava pondo.

Uma menininha, segura pela mão da mãe, tentou se soltar dizendo à mãe que a Senhora a chamava. A mãe a segurou ainda mais firmemente e não a deixou se mover. A própria criança me contou isso depois da aparição.

Eram três da tarde. Era possível sentir uma suave brisa. Agradável! Como uma chuva refrescante, mas que não nos molhava. Enquanto observávamos isso, estávamos em silêncio e continuávamos vendo aquele círculo de luz que soltava luzes coloridas exatamente no centro, onde o sol está ao meio-dia.

De repente, um relâmpago, assim como das outras vezes; logo, um segundo. Baixei meus olhos e vi Nossa Senhora. Desta vez, a nuvem estava sobre as flores que havíamos trazido, e sobre a nuvem os pés de Nossa Senhora. Linda! Ela estendeu Suas mãos e raios de luz atingiram a todos nós.

Eu, ao ver Nossa Senhora lá com os braços estendidos, disse às pessoas: Vejam! Lá está ELA!

Ninguém respondeu nada. Então disse à Nossa Senhora para que fizesse com que A visse, que todos os presentes queriam vê-La. Ela disse:
- Não. Nem todos podem me ver.

Novamente eu disse às pessoas:

Nossa Senhora está na pilha de rochas sobre as flores.

Eu pude ouvir algumas das pessoas chorando. Pude ouvir soluços. Uma senhora cujo nome é Mildred me disse: Posso ver apenas uma sombra, como uma estátua, sobre as flores. Novamente insisti com a Senhora para que todos a vissem e Ela novamente me disse que não.

Então novamente disse às pessoas:

Olhem para as flores sobre as rochas.

Ninguém me respondeu.

Então eu disse para a Senhora:

- Senhora, permita que eles A vejam para que acreditem! Porque muitos não acreditam. Ele me dizem que é o demônio que aparece para mim. E que a Virgem está morta e voltou ao pó como qualquer mortal. Permita que eles A vejam, Nossa Senhora!

Ela não respondeu nada. Ela levantou as mãos ao peito em uma posição semelhante à da imagem de Nossa Senhora das Dores a imagem que é carregada em procissão durante a Semana Santa. E assim como aquela imagem, Seu rosto se tornou pálido, Seu manto mudou para uma cor cinza, Seu rosto se tornou triste e Ela chorou. Eu chorei também. Eu tremia de vê-La daquele jeito.

Eu Lhe disse:

- Senhora, perdoe-me pelo que eu Lhe disse! Sou culpado! A Senhora está brava comigo. Perdoe-me! Perdoe-me!

Ela então me respondeu dizendo:

- Não estou brava nem ficarei brava.

Eu perguntei:

- E por que chora? Eu a vejo chorando.

Ela me disse:

- Entristece-Me ver a dureza do coração dessas pessoas. Mas você terá que rezar para elas para que elas mudem.

Eu não podia falar. Continuei a chorar. Senti que meu coração estava sendo esmagado. Eu estava muito triste como se fosse morrer da dor ali mesmo. Meu único alívio era através do choro. Não continuei a insistir para que Ela permitisse ser vista. Senti que era culpado por Lhe ter dito isso. Não suportava vê-La chorar. Enquanto eu continuava a chorar, Ela me deu a mensagem:


Rezem o Rosário, meditem os mistérios.
Ouçam a Palavra de Deus que está neles.
Amem-se. Amem uns aos outros.
Perdoem uns aos outros.
Façam a paz. Não peçam por paz sem fazer a paz; porque, se vocês não a fazem, não é bom pedir por ela.
Cumpram suas obrigações.
Ponham em prática a Palavra de Deus.
Procurem maneiras de agradar a Deus.
Sirvam o seu próximo, pois dessa forma vocês O agradarão.


Quando Ela terminou de dar a mensagem, eu me lembrei dos pedidos do povo de Cuapa.

Eu Lhe disse:

- Senhora, tenho muitos pedidos, mas me esqueci deles. Há muitos. A Senhora sabe todos eles.

Ela então me disse:

- Eles Me pedem coisas que não são importantes. Peçam por fé para que tenham a força para que cada um possa carregar sua própria cruz. Os sofrimentos deste mundo não podem ser suprimidos. Os sofrimentos são a cruz que vocês devem carregar. A vida é assim. Há problemas com o marido, com a esposa, com os filhos, com os irmãos. Falem, conversem para que esses problemas sejam resolvidos em paz. Não se voltem à violência. Jamais voltem à violência. Rezem pela fé para que tenham paciência.


Dessa maneira, Ela me deu a entender que se com fé podemos pedir para sermos libertos de um sofrimento, seremos libertos se aquele sofrimento não for a cruz que temos que carregar; mas quando o sofrimento é a cruz da pessoa, então ele será mantido como um peso para a glória. Por isso Ela nos disse para pedir por fé para receber fortaleza e paciência.

Depois Ela me disse:

- Você não mais me verá neste lugar.

Pensei que nunca mais a veria novamente, definitivamente, e comecei a gritar:

Não nos deixe, minha Mãe!
Não nos deixe, minha Mãe!
Não nos deixe, minha Mãe!

Eu falava por aqueles que não estavam falando, então Ela me disse:

- Não fique aflito. Estou com todos vocês embora não possam me ver. Sou a Mãe de todos vocês, pecadores. Amem-se. Perdoem-se. Façam a paz, porque se não a fizerem não haverá paz. Não se voltem à violência. Jamais se voltem à violência.
A Nicarágua tem sofrido muito desde o terremoto e continuará a sofrer se todos vocês não mudarem. Se vocês não mudarem, apressarão o início da Terceira Guerra Mundial.
Reze, reze, meu filho, pelo mundo todo. Uma mãe nunca se esquece de seus filhos. E Eu não me esqueci do que vocês sofreram.
Sou a Mãe de todos vocês, pecadores.


    Carta do Revmo. Bispo de Juigalpa, Monsenhor Pablo Antonio Vega, sobre as aparições de Cuapa, Nicarágua:

Cuapa é um pequeno vale, pertencente à municipalidade de Juigalpa, em Chontales. Seus habitantes são os menores proprietários de gado. É um lugar tranqüilo com pequenos montes, típicos da região de Chontales.

Já faz três anos que um dos camponeses da região chegou comunicando uma mensagem que ele disse ter recebido de Maria em uma série de sonhos e aparições.
Discernir a verdade destes fatos depende mais dos sinais extraordinários de Deus que a simples análise dos eventos.

Mas andaram circulando versões que não representam os eventos e que distorcem o conteúdo da mensagem. Por esse motivo, por causa do dever e obrigação de proteger a integridade da piedade dos fiéis e a verdade dos eventos, em minha posição como Bispo da região, achei-me na obrigação de assegurar a autenticidade dos eventos para ser capaz de assistir no discernimento do real valor atribuído à mensagem.

Com este propósito em vista, busquei a colaboração de algumas pessoas para colher com o maior detalhe possível e do testemunho pessoal daquele que teve as visões, um relato dos eventos, sem omitir o testemunho adjunto que poderia confirmar os eventos declarados verbalmente.

Em primeiro lugar, é nossa intenção esclarecer o conteúdo da mensagem para sermos capazes de estabelecer sua concordância com a mensagem evangélica, que como Igreja somos obrigados a aclamar publicamente e desenvolvê-la com toda sua força e plenitude.

O "relatório" que apresentamos mantém o conteúdo preciso e a linguagem usada pelo indivíduo que recebeu as visões.

De nossa parte, ficamos surpresos com a ênfase dada às responsabilidades que cabem ao homem na tarefa de "fazer a paz" e de "construir o mundo"; uma ênfase religiosa que não é típica da religião popular, que costuma deixar tudo para Deus.
Esperamos que o relatório que apresentamos sirva como convite à reflexão sobre as obrigações sociais que freqüentemente são totalmente esquecidas por muitos de nossos cristãos.

Juigalpa, 13 de novembro de 1982
Mons. Pablo Antonio Vega M.
Bispo de Juigalpa

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