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VOLTARÁ NA SUA GLÓRIA

CRISTO REINA, DESDE JÁ, PELA IGREJA...
668. «Cristo morreu e voltou à vida para ser Senhor dos mortos e dos
vivos» (Rm 14, 9). A ascensão de Cristo aos céus significa a sua participação, na sua
humanidade, no poder e autoridade do próprio Deus. Jesus Cristo é Senhor: Ele
possui todo o poder nos céus e na Terra. Está «acima de todo o principado, poder,
virtude e soberania», porque o Pai «tudo submeteu a seus pés»(Ef 1, 20-22). Cristo
é o Senhor do cosmos (605) e da história, N'Ele, a história do homem, e até a
criação inteira, encontram a sua «recapitulação» (606), o seu acabamento
transcendente.
669. Como Senhor, Cristo é também a cabeça da Igreja, que é o seu corpo (607).
Elevado ao céu e glorificado, tendo assim cumprido plenamente a sua missão,
continua na terra por meio da Igreja. A redenção é a fonte da autoridade que
Cristo, em virtude do Espírito Santo, exerce sobre a Igreja (608). «O Reino de
Cristo já está misteriosamente presente na Igreja» (609), «gérmen e princípio
deste mesmo Reino na Terra» (610).
670. Depois da ascensão, o desígnio de Deus entrou na sua consumação. Estamos
já na «última hora» (1 Jo 2, 18) (611). «Já chegou pois, a nós, a plenitude dos
tempos, a renovação do mundo já está irrevogavelmente adquirida e, de certo
modo, encontra-se já realmente antecipada neste tempo: com efeito, ainda aqui
na Terra, a Igreja está aureolada de uma verdadeira, embora imperfeita,
santidade» (612). O Reino de Cristo manifesta já a sua presença pelos sinais
miraculosos (613) que acompanham o seu anúncio pela Igreja (614).
... À ESPERA DE QUE TUDO LHE SEJA SUBMETIDO
671. Já presente na sua Igreja, o Reino de Cristo, contudo, ainda não está acabado
«em poder e glória» (Lc 21, 27) (615) pela vinda do Rei à terra. Este Reino ainda é
atacado pelos poderes do mal (616), embora estes já tenham sido radicalmente
vencidos pela Páscoa de Cristo. Até que tudo Lhe tenha sido submetido (617),
«enquanto não se estabelecem os novos céus e a nova terra, em que habita a
justiça, a Igreja peregrina, nos seus sacramentos e nas suas instituições, que
pertencem à presente ordem temporal, leva a imagem passageira deste mundo e
vive no meio das criaturas que gemem e sofrem as dores do parto, esperando a
manifestação dos filhos de Deus» (618). Por este motivo, os cristãos oram,
sobretudo na Eucaristia (619), para que se apresse o regresso de Cristo (620),
dizendo-Lhe: «Vem, Senhor» (Ap 22, 20) (621).
672. Cristo afirmou, antes da sua ascensão, que ainda não era a hora do
estabelecimento glorioso do Reino messiânico esperado por Israel (622), o qual
devia trazer a todos os homens, segundo os profetas (623), a ordem definitiva da
justiça, do amor e da paz. O tempo presente é, segundo o Senhor, o tempo do
Espírito e do testemunho (624) mas é também um tempo ainda marcado pela
«desolação» (625) e pela provação do mal (626), que não poupa a Igreja (627) e
inaugura os combates dos últimos dias (628). É um tempo de espera e de vigília
(629).
A VINDA GLORIOSA DE CRISTO, ESPERANÇA DE ISRAEL
673. A partir da ascensão, a vinda de Cristo na glória está iminente (630) mesmo
que não nos «pertença saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou
com a sua autoridade» (Act1, 7) (631). Este advento escatológico pode realizar-se a
qualquer momento (632), ainda que esteja «retido», ele e a provação final que o
há-de preceder (633).
674. A vinda do Messias glorioso está pendente, a todo o momento da história
(634), do seu reconhecimento por «todo o Israel» (635), do qual «uma parte se
endureceu» (636) na «incredulidade» (Rm 11, 20) em relação a Jesus. E Pedro quem
diz aos judeus de Jerusalém, após o Pentecostes: «Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, para que os pecados vos sejam perdoados. Assim, o Senhor fará que
venham os tempos de alívio e vos mandará o Messias Jesus, que de antemão vos
foi destinado. O céu tem de O conservar até à altura da restauração universal, que
Deus anunciou pela boca dos seus santos profetas de outrora» (Act 3, 19-21). E
Paulo faz-se eco destas palavras: «Se da sua rejeição resultou a reconciliação do
mundo, o que será a sua reintegração senão uma ressurreição de entre os
mortos?» (Rm 11, 15). A entrada da totalidade dos judeus (637) na salvação
messiânica, a seguir à «conversão total dos pagãos» (638), dará ao povo de Deus
ocasião de «realizar a plenitude de Cristo» (Ef4, 13), na qual «Deus será tudo em
todos» (1 Cor 15, 2).
A ÚLTIMA PROVA DA IGREJA
675. Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que
abalará a fé de numerosos crentes (639). A perseguição, que acompanha a sua
peregrinação na Terra (640), porá a descoberto o «mistério da iniquidade», sob a
forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para
os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura
religiosa é a do Anticristo, isto é, dum pseudo-messianismo em que o homem se
glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado (641).
676. Esta impostura anticrística já se esboça no mundo, sempre que se pretende
realizar na história a esperança messiânica, que não pode consumar-se senão para
além dela, através do juízo escatológico. A Igreja rejeitou esta falsificação do
Reino futuro, mesmo na sua forma mitigada, sob o nome de milenarismo (642), e
principalmente sob a forma política dum messianismo secularizado,
«intrinsecamente perverso» (643).
677. A Igreja não entrará na glória do Reino senão através dessa última Páscoa,
em que seguirá o Senhor na sua morte e ressurreição (644). O Reino não se
consumará, pois, por um triunfo histórico da Igreja (645) segundo um progresso
ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o último desencadear do mal
(646), que fará descer do céu a sua Esposa (647). O triunfo de Deus sobre a revolta
do mal tomará a forma de Juízo final (648), após o último abalo cósmico deste
mundo passageiro (649).

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