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CRISTO OFERECEU-SE A SI MESMO AO PAI PELOS NOSSOS PECADOS

TODA A VIDA DE CRISTO É OBLAÇÃO AO PAI
606. O Filho de Deus, «descido do céu, não para fazer a sua vontade mas a do seu
Pai, que O enviou» (462), «diz, ao entrar no mundo: [...] Eis-me aqui, [...] ó Deus,
para fazer a tua vontade. [...] E em virtude dessa mesma vontade, é que nós fomos
santificados, pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, feita de uma vez para
sempre» (Heb 10, 5-10). Desde o primeiro instante da sua Encarnação, o Filho faz
seu o plano divino de salvação, no desempenho da sua missão redentora: «O meu
alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou e realizar a sua obra» (Jo 4,
34). O sacrifício de Jesus «pelos pecados do mundo inteiro» (1 Jo 2, 2) é a expressão
da sua comunhão amorosa com o Pai: «O Pai ama-Me, porque Eu dou a minha
vida» (Jo 10, 17). «O mundo tem de saber que amo o Pai e procedo como o Pai Me
ordenou»(Jo 14, 31).
607. Este desejo de fazer seu o plano do amor de redenção do seu Pai, anima toda
a vida de Jesus (463). A sua paixão redentora é a razão de ser da Encarnação: «Pai,
salva-Me desta hora! Mas por causa disto, é que Eu cheguei a esta hora» (Jo 12,
27). «O cálice que o Pai Me deu, não havia de bebê-lo?» (Jo 18, 11). E ainda na
cruz, antes de «tudo estar consumado»(Jo 19, 30), diz: «Tenho sede» (Jo 19, 28).
«O CORDEIRO QUE TIRA O PECADO DO MUNDO»
608. Depois de ter aceitado dar-Lhe o baptismo como aos pecadores (464), João
Baptista viu e mostrou em Jesus o «Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo»
(465). Manifestou deste modo que Jesus é, ao mesmo tempo, o Servo sofredor, que
Se deixa levar ao matadouro sem abrir a boca (466), carregando os pecados das
multidões (467), e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de Israel na primeira
Páscoa (468), Toda a vida de Cristo manifesta a sua missão: «servir e dar a vida
como resgate pela multidão» (469).
JESUS PARTILHA LIVREMENTE O AMOR REDENTOR DO PAI
609. Ao partilhar, no seu coração humano, o amor do Pai para com os homens,
Jesus «amou-os até ao fim» (Jo 13, 1), «pois não há maior amor do que dar a vida
por aqueles que se ama» (Jo 15, 13). Assim, no sofrimento e na morte, a sua
humanidade tornou-se instrumento livre e perfeito do seu amor divino, que quer a
salvação dos homens (470). Com efeito, Ele aceitou livremente a sua paixão e
morte por amor do Pai e dos homens a quem o Pai quer salvar: «Ninguém Me tira
a vida. Sou Eu que a dou espontaneamente» (Jo 10, 18). Daí, a liberdade soberana
do Filho de Deus, quando Ele próprio vai ao encontro da morte (471).
NA CEIA, JESUS ANTECIPOU A OBLAÇÃO LIVRE DA SUA VIDA
610. Jesus exprimiu de modo supremo a oblação livre de Si mesmo na refeição que
tornou com os doze Apóstolos (472), na «noite em que foi entregue» (1 Cor 11, 23).
Na véspera da sua paixão, quando ainda era livre, Jesus fez desta última Ceia com
os Apóstolos o memorial da sua oblação voluntária ao Pai (473) para a salvação
dos homens: «Isto é o meu Corpo, que vai ser entregue por vós» (Lc 22, 19). «Isto é
o meu "Sangue da Aliança", que vai ser derramado por uma multidão, para
remissão dos pecados» (Mt 26, 28).
611. A Eucaristia, que neste momento instituiu, será o «memorial» (474) do seu
sacrifício. Jesus incluiu os Apóstolos na sua própria oferenda e pediu-lhes que a
perpetuassem (475). Desse modo, instituiu os Apóstolos como sacerdotes da Nova
Aliança: «Eu consagro-me por eles, para que também eles sejam consagrados na
verdade» (Jo 17, 19) (476).
A AGONIA NO GETSÉMANI
612. O cálice da Nova Aliança, que Jesus antecipou na Ceia, oferecendo-Se a Si
mesmo (477), é aceite seguidamente por Jesus das mãos do Pai, na agonia no
Getsémani (478), fazendo-Se «obediente até á morte» (Fl 2, 8) (479). Na sua
oração, Jesus diz: «Meu Pai, se é possível, que se afaste de Mim este cálice
[...]» (Mt 26, 39). Exprime desse modo o horror que a morte representa para a sua
natureza humana. Com efeito, esta, como a nossa, está destinada à vida eterna.
Mas, diferentemente da nossa, é perfeitamente isenta do pecado (480) que causa
a morte (481). E, sobretudo, é assumida pela pessoa divina do «Príncipe da Vida»
(482), do «Vivente» (483). Aceitando, com a sua vontade humana, que se faça a
vontade do Pai (484) aceita a sua morte enquanto redentora, para «suportar os
nossos pecados no seu corpo, no madeiro da cruz» (1 Pe 2, 24).
A MORTE DE CRISTO É O SACRIFÍCIO ÚNICO E DEFINITIVO
613. A morte de Cristo é, ao mesmo tempo, o sacrifício pascal que realiza a
redenção definitiva dos homens (485) por meio do «Cordeiro que tira o pecado do
mundo» (486), e osacrifício da Nova Aliança (487)que restabelece a comunhão
entre o homem e Deus (488), reconciliando-o com Ele pelo «sangue derramado
pela multidão, para a remissão dos pecados» (489).
614. Este sacrifício de Cristo é único, leva à perfeição e ultrapassa todos os
sacrifícios (490). Antes de mais, é um dom do próprio Deus Pai: é o Pai que entrega
o seu Filho para nos reconciliar consigo (491). Ao mesmo tempo, é oblação do Filho
de Deus feito homem, que livremente e por amor (492) oferece a sua vida (493) ao
Pai pelo Espírito Santo (494) para reparar a nossa desobediência.
JESUS SUBSTITUI A NOSSA DESOBEDIÊNCIA PELA SUA OBEDIÊNCIA
615. «Como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores,
assim também, pela obediência de um só, muitos se tornarão justos» (Rm 5, 19).
Pela sua obediência até à morte, Jesus realizou a acção substitutiva do Servo
sofredor, que oferece a sua vida como sacrifício de expiação, ao carregar com o
pecado das multidões, que justifica carregando Ele próprio com as suas faltas (495).
Jesus reparou as nossas faltas e satisfez ao Pai pelos nossos pecados (496).
NA CRUZ, JESUS CONSUMA O SEU SACRIFÍCIO
616. É o «amor até ao fim» (497) que confere ao sacrifício de Cristo o valor de
redenção e reparação, de expiação e satisfação. Ele conheceu-nos e amou-nos a
todos no oferecimento da sua vida (498). «O amor de Cristo nos pressiona, ao
pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram» (2 Cor
5, 14). Nenhum homem, ainda que fosse o mais santo, estava em condições de
tornar sobre si os pecados de todos os homens e de se oferecer em sacrifício por
todos. A existência, em Cristo, da pessoa divina do Filho, que ultrapassa e ao
mesmo tempo abrange todas as pessoas humanas e O constitui cabeça de toda a
humanidade, é que torna possível o seu sacrifício redentor por todos.
617. «Sua sanctissima passione in ligno crucis nobis justificationem meruit – Pela
sua santíssima paixão no madeiro da cruz, Ele mereceu-nos a justificação» – ensina
o Concílio de Trento (499), sublinhando o carácter único do sacrifício de Cristo como
fonte de salvação eterna (500). E a Igreja venera a Cruz cantando: «O crux, ave,
spes unica! – Avé, ó cruz, esperança única!» (501).
A NOSSA PARTICIPAÇÃO NO SACRIFÍCIO DE CRISTO
618. A cruz é o único sacrifício de Cristo, mediador único entre Deus e os homens
(502). Mas porque, na sua pessoa divina encarnada. «Ele Se uniu, de certo modo, a
cada homem» (503), «a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério
pascal, por um modo só de Deus conhecido» (504). Convida os discípulos a tomarem
a sua cruz e a segui-Lo(505) porque sofreu por nós, deixando-nos o exemplo, para
que sigamos os seus passos (506). De facto, quer associar ao seu sacrifício redentor
aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários (507). Isto realiza-se, em sumo
grau, em sua Mãe, associada, mais intimamente do que ninguém, ao mistério do
seu sofrimento redentor (508):
Há uma só escada verdadeira fora do paraíso; fora da cruz, não há outra escada
por onde se suba ao céu» (509).
Resumindo:
619. «Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras» (1 Cor 15, 3).
620. A nossa salvação procede da iniciativa amorosa de Deus em nosso favor, pois
«foi Ele que nos amou a nós e enviou o seu Filho como vítima de propiciação pelos
nossos pecados» (1 Jo 4, 10). «Foi Deus que, em Cristo, reconciliou consigo o
mundo» (2 Cor 5, 19).
621. Jesus ofereceu-Se livremente para nossa salvação. Este dom, significa-o e
realiza-o Ele, de antemão, durante a Ultimo Ceia: «Isto é o meu Corpo, que vai ser
entregue por vós» (Lc 22, 19).
622. Nisto consiste a redenção de Cristo: Ele «veio dar a sua vida em resgate pela
multidão»(Mt 20, 28), quer dizer; veio «amuar os seus até ao fim» (Jo 13, 1), para
que fossem libertos da má conduta herdada dos seus pais (510).
623. Pela sua obediência amorosa ao Pai, «até d morte de cruz» (Fl 2, 8), Jesus
cumpriu a missão expiatória (511) do Servo sofredor, que justifica as multidões,
tomando sobre Si o peso das suas faltas (Is 53, 11) (512).

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